

Superação é sinônimo do nome dele. O atacante perdeu a mãe aos 11 anos, enfrentou o frio europeu, se recuperou de duas lesões no rosto e quer continuar fazendo o que mais gosta no Naça, gols!
O xodó da torcida nacionalina é um guerreiro, daqueles que deixa qualquer fã de futebol com o grito de gol na garganta. O atacante Leonardo Rodrigues Thomas, de 32 anos, mas conhecido como o Índio Negro é um jogador nato, que chama atenção não apenas pelo 1,79 de altura, mas, pela disposição e liderança em campo que faz diferença dentro e fora das quatro linhas. Quando o assunto é Nacional, o camisa 9 do Leão da Vila Municipal não se prende a serenidade habitual e deixa a emoção falar mais alto: “Sou muito agradecido ao clube por tudo que tenho”, declara.
O Índio Negro
Do nome, Índio Negro, ele lembra o início da carreira. “Quando eu jogava na comunidade Cruzada São Sebastião, no Rio, os torcedores gritavam à beira do campo, “Toca no Filé que é gol”, isso começou por causa meu apelido: Léo Filé,” diz Leonardo. Já atuando pelo Naça, durante uma partida entre Nacional e Ponte Preta, pela Copa do Brasil, o jogador relata que um torcedor da equipe adversária afirmou que seria fácil ganhar do Leão, afinal, aqui, em Manaus, não existem jogadores e sim índios. O atacante nacionalino marcou o único gol da partida e, desde então, resolveu homenagear o povo amazonense, sendo o Índio Negro do Nacional Futebol Clube.
O novo apelido do jogador agradou a torcida e, principalmente sua fã número um, a esposa Sabrina Prates Thomas.
A mais que esposa, Sabrina
Casados há quatro anos, Léo, como Sabrina o chama, diz que ela assume a qualidade de mãe, irmã, amiga, técnica, empresária e assessora e é a principal responsável por sua trajetória no Leão. “Uma das coisas que eu acertei na minha vida foi a Sabrina. Me casei quando nunca pensava que o faria, mas foi pela pessoa que ela é”, conta.
Ele ainda afirma que Sabrina é nacionalina de coração. “Quando estou fora do time ela fica chateada. Conhece da história do clube e sabe até cantar o hino. Sem ela, eu não estaria jogando no Nacional. Todo destaque que tenho devo a ela”, confessa, Leonardo.
Sabrina que é carioca da gema, de São Conrado, após ficar na ponte aérea durante dois anos, resolveu viver ao lado do marido, na temporada passada, em Manaus. Atualmente, ela está no Rio, mas por tempo determinado, garante, Léo.
“Estou com o coração partido longe dela e ansioso pelo dia que em que ela estará aqui, do meu lado. É difícil principalmente nessa época de festa de fim de ano em que queremos a família. Aqui no ct estamos treinando muito, no elenco tem muito companheirismo, mas a Sabrina é minha motivação”, afirma.
A vida amorosa do Índio Negro é consolidada com sua companheira. Ele relembra as dificuldades que superaram juntos, entre elas a interrupção repentina da gravidez da esposa. “Infelizmente perdemos, mas Deus sabe o que faz e na hora certa teremos nosso bebê”. Leonardo que já é pai de Gabrielle Thomas, 14, diz que a dor foi imensa, mas sua vida é feita de superação. “Nos amamos e logo, logo o herdeiro do Índio Negro estará a caminho”.
A família
Quanto à distância da família, que ficou na capital carioca, Léo afirma que é difícil e que a filha, Gabrielle, entende. “Tento falar com ela todos os dias, deixo bem claro que a distância faz parte da minha profissão e que é por uma boa causa. É pensando no futuro dela”, explica o atacante.
Para Gabrielle, a profissão do pai é motivo de orgulho, mas que a saudades é dolorosa. “É muito ruim, sinto muita falta dele, quando estamos juntos, tento aproveitar ao máximo,” finaliza a filha do atacante que herdou do pai a vida de atleta. Ela pratica futebol de areia e remo.
O jogador faz questão de lembrar as pessoas que o ajudaram a crescer de forma digna na vida, principalmente quando a mãe se foi. “Perdi minha mãe aos onze anos de idade, tia Denise e tia Regina, irmãs da minha mãe, me criaram, junto com meus primos. Vivi na comunidade Cruzada São Sebastião, no Rio de Janeiro, enfrentamos muitas dificuldades, mas nunca passamos fome e graças a Deus temos o principal que é saúde”.
O início da carreira
Filho único de Dona Efigênia Rodrigues e o mais velho de Seu Osmar Thomas, Leonardo nasceu no dia 08 de março de 1982, começou a carreira aos 19 anos no time de futsal do Vasco da Gama, mas não demorou muito para trocar a quadra pelo grama. “Queria seguir carreira no futsal, mas meu treinador, Ricardo Lucena, já falecido, me deu a oportunidade de começar no campo, iniciei nos juniores do Bonsucesso e no meu primeiro ano de profissional fui campeão carioca”, lembra,o jogador.
No ano de 2003, ele foi chamado para jogar no exterior, uma passagem de dificuldades. “Fui jogar na Eslováquia, mas devido o clima muito frio, não consegui me adaptar, voltei para o Brasil e de novo no Bonsucesso, joguei mais um ano. A dificuldade naquele momento era me adaptar ao clima de 38 graus, após sair da neve. Não tinha salário o que, para um jogador de futebol, é muito complicado”. Léo ainda teve passagens em Brasília (CFZ-DF) e no Acre (Nauás, Atlético, Plácido de Castro e Rio Branco) e desde 2012 está defendendo as cores do Nacional.
A torcida nacionalina
Não precisa ser frequentador assíduo do estádio para perceber que existe algo diferente na forma como o craque é visto pela torcida. Goleador nato, Leonardo, mesmo tendo o título de artilheiro no estadual de 2012 e vice artilharia da série D em 2013, afirma que isso não é tudo e arrisca o motivo da idolatria. “Eu creio que o carinho que a torcida tem por mim é por conta da minha luta, da minha garra, não é somente pelos gols, isso não é tudo. O que vale é a dedicação, honrar a camisa que está vestindo e tento fazer isso em todas as partidas que eu entro, inclusive, da arquibancada, como na primeira lesão que tive,” recorda.
Léo conta que a maior prova da admiração que a torcida tem pelo seu trabalho foi dada na confusão da final do Campeonato Amazonense de Futebol de 2014, contra o Princesa do Solimões.
“Foi um dos piores momentos da minha carreira que também serviu para ter certeza quem são as pessoas que acreditam no meu trabalho. Claro, foi traumatizante, pelo susto, as dores, mas inesquecível pela conquista do título. Agradeço a Deus, a minha esposa, minha família, aos meus amigos e a torcida que sempre esteve ao meu lado, acreditando na minha volta”.
Quanto à paixão pelo clube, Leonardo diz que o sentimento é de gratidão. “Sou nacionalino e tenho um carinho muito grande pelo Naça e por toda torcida, só tenho a agradecer. Sei que, para o clube, o mais importante são os resultados positivos e esses, quero manter sempre” ressalta.
Temporada de 2015
A diretoria do Naça tem como objetivo a acessão do clube em, no máximo, 10 anos, é a proposta do Projeto “Série A 2024”. Para isso, montou um elenco forte e competitivo, contratando jogadores acostumados a acesso. Leonardo é um dos apresentados pelo Leão, remanescente da temporada passada, defende o clube desde 2012.
Para a temporada 2015 e a esperança do acesso por toda a torcida nacionalina, Léo não hesita:
“Tenho as melhores expectativas. Estou motivado, principalmente por tudo o que passei. Estou confiante no acesso, até consigo me ver comemorando ao lado da torcida, mas para isso, sei que precisamos trabalhar bastante e, por isso, o professor Sinomar está à frente. Temos uma grande equipe que já mostrou muito companheirismo e precisamos de sorte também e, claro, fé. Sem Deus não somos nada”, conclui.