
Enquanto a Superintendência Federal de Agricultura em Roraima e a Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr) trabalham para obter o reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa com vacinação, um alerta de Brasília pode mudar o foco das fiscalizações para o país vizinho.
De acordo com o superintendente Plácido Alves, um pedido de atenção redobrada foi enviado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por conta de oito suspeitas de doença vesicular em cinco estados da Venezuela, que faz fronteira com o Brasil ao Norte de Roraima.
Além de ter impactado diretamente na queda brusca das exportações de gado vivo do Brasil, resultado dos problemas econômicos e políticos do país, a Venezuela agora oferece um novo risco à nossa pecuária com a suspeita de doença vesicular, uma zoonose que afeta bovinos, suínos e equídeos.
Soma-se ao próprio impacto da doença a peculiaridade de ser clinicamente indistinguível da febre aftosa, necessitando de um diagnóstico laboratorial rápido e preciso para a diferenciação de ambas. Está na lista da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como de notificação obrigatória.
De acordo com o superintendente de Agricultura em Roraima, ainda não existe nenhuma confirmação. “Isso tem que ser deixado bem claro”, afirmou. “A suspeita é de doença vesicular. Não significa que seja, necessariamente, febre aftosa, mas o Mapa já começou a trabalhar para garantir a sanidade do Estado brasileiro”. De acordo com Alves, vários órgãos serão convocados, caso o ministério confirme oficialmente a suspeita, para atuar na fiscalização na fronteira com a Venezuela.

Segundo o diretor de Defesa Animal da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (ADERR), Haroldo Trajano, a fiscalização na fronteira com o país já foi intensificada. “Vamos fazer uma inspeção mais rigorosa de veículos, apreender produtos de origem animal e rechaçar carga viva. Nada poderá entrar no Brasil. A Venezuela é um risco sanitário e precisamos estar na condição de alerta. Estamos quase chegando à condição sanitária de livre de febre aftosa”, enfatizou.
NOTA – Depois de uma auditoria do Mapa em Roraima no ano passado, o Estado conseguiu nota 08 no combate à febre aftosa, doença infecciosa aguda que atinge o gado. O último caso notificado ocorreu no Município de Caroebe, a Sudeste do Estado, em 2001. Há oito anos o Brasil se mantém sem ocorrência da doença e avançou significativamente com suas zonas livres, que alcançam 77% do território nacional.
A preocupação em relação à doença é grande no país, por isso a fiscalização sanitária é intensa, com auditorias nos estados, campanhas e programas de vacinação. Todo esse cuidado é justificado pela importância do mercado pecuário para a economia brasileira. O Brasil lidera o ranking de maior exportador de carne bovina do mundo desde 2008 e as estatísticas mostram crescimento também para os próximos anos. A exportação de carne bovina crescerá a 2,15% ao ano, de acordo com dados do Mapa.
Fonte: Folha BV