Matriz Econômica da Amazônia é destaque na Folha de São Paulo

O cultivo do Açaí, um dos destaques da investida d Matriz/Foto: Divulgação

O jornal Folha de São Paulo circulou ontem, domingo (30/04), com um caderno Especial sobre a Nova Matriz Econômica Ambiental do Amazonas, projeto do Governo do Estado voltado para diversificar e ampliar a economia local, com foco no Desenvolvimento Sustentável. Com o Título “Além da Zona Franca”, o caderno de seis páginas traz reportagens e uma entrevista com o governador do Amazonas, professor José Melo, mostrado como o Governo do Amazonas pretende levar desenvolvimento econômico para o interior, apostando na piscicultura, fruticultura e na mineração, além de outras áreas como biofármicos e cosméticos, com o compromisso de manter a preservação da floresta.
Leia uma parte da matéria :


” Além da Zona Franca

O governador do Amazonas, José Melo (PROS), acredita que o Brasil e o mundo não podem mais se dar ao luxo de não compreender as riquezas da Amazônia e as formas, fáceis, de explorá-las de maneira sustentável, preservando a floresta. Na entrevista abaixo, ele explica por quê. Ao governo federal, faz um apelo: abrace esta causa. Aos investidores, um convite: venham ganhar dinheiro e contribuir para a área mais preservada do mundo.

IMPORTÂNCIA DA FLORESTA – O Brasil tem 49% da floresta tropical que está na América do Sul. Desse percentual, 1/3 está no Estado do Amazonas. É uma floresta em pé, preservada. Mas o Brasil não se dá conta do que isso representa. Se as florestas tropicais não existissem, não teríamos chuvas no mundo. Elas produzem a umidade, que forma os chamados rios voadores, que são levados pelos ventos para que chova em outros lugares. Daqui da Amazônia sai toda a umidade para chover no Brasil, na Argentina, no Peru… As florestas são um patrimônio inestimável para a humanidade. O Brasil tem uma joia fantástica, mas ainda não conseguiu colocar isso nas mesas de negociação nos fóruns globais.

O cultivo do Açaí, um dos destaques da investida d Matriz/Foto: Divulgação

IMPORTÂNCIA DA ZONA FRANCA – A Zona Franca de Manaus nasceu por razões geopolíticas e cumpriu esse papel. Hoje, ninguém fala mais de soberania. Cumpriu também papel econômico: gera emprego e renda. Conseguiu ainda criar no Brasil uma indústria que não existia, a de componentes. Atualmente, mais de 75% dos componentes utilizados na ZFM são comprados do Brasil. Mas o mais importante da ZFM foi preservar 97% da maior floresta tropical contínua do mundo. Se ela não existisse, ninguém convenceria um pai de família a não derrubar uma árvore para sustentar a família.

IMPORTÂNCIA DAS RESERVAS MINERAIS – As maiores reservas minerais estratégicas do Brasil estão na Amazônia. Derrubar árvore para explorar isso? Nem pensar. Mas grande parte dessas reservas está a céu aberto, em áreas já antropizadas (modificadas pela ação do homem). Por que não explorar? Durante anos, a empresa Paranapanema explorou estanho no município de Presidente Figueiredo. Os equipamentos que eles tinham atraíam as partículas do estanho. O resto do barro era jogado fora. Recentemente se descobriu que naquele barro há tântalo e nióbio no valor de US$ 55 bilhões.

Outro exemplo. O Brasil importa mais de 90% do potássio que precisa para o agronegócio. Aqui no Estado, temos reserva de potássio para abastecer o agronegócio brasileiro por 80 anos.

IMPORTÂNCIA DA PISCICULTURA – O mundo passa hoje por uma falta de proteína e de cálcio. A população mundial cresce, e a oferta de alimentos não. As áreas para a criação de gado estão exauridas. O local mais adequado no mundo para produzir peixe em cativeiro é a Amazônia brasileira. Tem água e sol em abundância. Imagina o que representará se o Brasil se transformar também no maior exportador de peixe de água doce do mundo?

Já recebi mais de dez delegações chinesas querendo comprar peixe. Mas eu não vou tirá-los da natureza, senão eu quebro o equilíbrio ecológico.

IMPORTÂNCIA DE COMBATER O TRÁFICO DE DROGAS – O tráfico de drogas está relacionado à grande maioria das ocorrências policiais no Amazonas e em todo o país. Onde está o verdadeiro problema? Nas nossas fronteiras. Peru, Colômbia e Bolívia produzem 93% da cocaína que o mundo consome. E depois que os Estados Unidos fizeram ações na Colômbia e no Panamá, a rota é no Brasil. A cocaína que vai para a Europa, para São Paulo, passa por rios amazônicos.

Um projeto para a Amazônia tem que incluir o combate mais forte ao tráfico de drogas nas fronteiras. O governo brasileiro deveria se unir aos da Colômbia, do Peru e da Bolívia. Defendo a entrada das Forças Armadas, com recursos de toda natureza, para impedir que a droga saia desses países e entre no nosso.

IMPORTÂNCIA DE novos FINANCIAMENTOS – O governo brasileiro precisa de um projeto de desenvolvimento sustentável que dê às pessoas da Amazônia condições de ter recursos e manter a floresta em pé. Precisa de uma política nacional de desenvolvimento e de créditos, para atrair os que aqui já estão e também os que queiram vir para cá criar peixe, por exemplo.

É necessário financiamento do BNDES, do Banco Mundial e de outros institutos internacionais. E com condições melhores que as oferecidas aos locais que já desmataram seu território. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) tem quase US$ 4 bilhões para o Brasil. Se não pode financiar os Estados (que estão endividados), empresta para quem quer produzir peixe.

IMPORTÂNCIA DO APOIO DE AMBIENTALISTAS – Há dois anos, reunimos no meio da floresta o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), a Conservação Internacional, o WWF, ambientalistas de países europeus, pesquisadores que atuam na Amazônia, nove embaixadores, órgãos de meio ambiente, secretários de Estado e outras instituições da sociedade civil e, com eles, concebemos o que chamamos de Matriz Econômica Ambiental.

De um lado, continuar apoiando a ZFM, que foi um modelo muito bom para a conservação da floresta. De outro, elaborar projetos de desenvolvimento com amparo da ciência e da tecnologia, sem que você precise tirar uma árvore. O que queremos: 1) produzir proteína de forma sustentável, em tanque rede, tanques escavados ou nos rios e lagos, em redes; 2) produzir as frutas que têm aceitação internacional, o açaí e o guaraná, por exemplo. E há outras: acerola, camu-camu, que é muito rico em vitamina C. E faremos isso nos 3% que já estão desmatados. Porque o compromisso é não tirar uma árvore sequer; 3) criar um polo de biocosméticos, ter maior produção de fármacos, fitoterápicos com produtos naturais da região.

A IMPORTÂNCIA DO ESTADO – As funções do Estado são, primeiro, formular a política. Já formulamos. Segundo, aprovar as leis que dão segurança aos investidores que, se vierem para cá para iniciar uma produção, não terão o desconforto de no dia seguinte ter o Ibama, o Instituto Chico Mendes à porta de seu negócio para fechá-lo. Já aprovamos.

Agora o Estado está com a função de fomentador. Chegamos aos possíveis investidores e dizemos: o meu Estado tem todas essas riquezas e há condições de ganhar muito dinheiro. Todo mês recebemos delegações interessadas em participar desse desenvolvimento sustentável. E viajamos. O secretário de Planejamento esteve em Abu Dhabi para fazer uma exposição para investidores e, em outubro, vou para Dubai.

IMPORTÂNCIA DAS OBRAS DE INFRAESTRUTURA – Estamos investindo R$ 1,6 bilhão em infraestrutura. Porque, se você não colocar asfalto em estradas, que garantam o escoamento da produção, não colocar energia elétrica, os projetos já nascem mortos.

IMPORTÂNCIA DA BR-319 – Todas as vezes em que se discutia essa estrada (que liga Manaus a Rondônia e ao resto do país), vinham órgãos como o WWF e diziam: somos contra. Eles têm razão, porque aqueles 400 km que faltam ser asfaltados estão na área mais rica do Amazonas com relação à fauna e à flora. No projeto da nova matriz, que discutimos com os ambientalistas, entrou a BR-319, dentro do conceito de estrada sustentável. Ali passa a rede de fibras óticas, então, de um em um quilômetro, teríamos uma câmera de monitoramento. O Exército brasileiro faria o monitoramento desse trecho, por meio de um eficiente sistema de controle de tráfego de veículos e uso da T&I para monitorar as áreas protegidas Abrir-se-ia um caminho do Estado do Amazonas para o resto do Brasil, com aquela floresta superpreservada. Recentemente, começamos a desenhar, com a Conservação Internacional, um Plano de Desenvolvimento Territorial para a BR-319.

IMPORTÂNCIA DA CONTINUIDADE – Eu tenho mais um ano e sete meses de governo. Nesse período, vou dar tudo de mim para deixar esse plano o mais consolidado possível. O risco maior é a descontinuidade. Outro risco é o Brasil não abraçá-lo, não ver isso como importante.(Stúdio Folha FOCO)

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