
Na semana nacional de combate à atividade análoga à escravidão, o vice-governador do Amazonas salientou a importância da informação que ajuda na redução do mal que assombra o campo e a cidade.
O trabalho escravo, um dos problemas mais recorrentes na economia do Norte do país, foi tema de um relatório do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgado ontem (28), onde o Amazonas aparece com 25 casos ocorridos entre agosto do ano passado até janeiro, envolvendo empresas ou pessoas físicas.
A divulgação do estudo sobre a prática ilegal coincidiu com a semana dedicada às discussões e combate à atividade degradante no país, com repercussão local feita pela Secretaria de Estado do Trabalho (Setrab) e faz alusão a um quádruplo assassinato de funcionários do MTE ocorrido dez anos atrás no município de Unaí, em Minas Gerais, onde apuravam denúncias de trabalho escravo na região.
José Melo explicou que a natureza econômica do trabalho escravo difere da escravidão da Antiguidade clássica e daquela que existiu no país durante o período colonial e Império, embora o tratamento desumano, a restrição à liberdade e o processo de ‘coisificação’ do ser humano ainda sejam bem similares. Ele salientou a importância do apoio da mídia na difusão da informação educativa nos municípios e na divulgação de denúncias que ajudam a ‘desbaratar’ muitos casos.
Ele lembrou, ainda, que, apesar das notícias de violência e crueldade serem recorrentes em várias regiões do país, as parcerias firmadas com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Amazonas ampliou as discussões e facilitou que as Polícias Civil e Militar acompanhassem as blitzen constantes, o que significou em efetiva redução dos casos no Estado.
“O trabalho escravo é uma triste ‘chaga’ que assombra o campo e a cidade. A escravidão desqualifica o trabalho e é execrável. Sabemos que em outras regiões a situação é bem mais complicada que no Amazonas, o que não significa que somos melhores ou piores. Com o apoio da presidente Dilma, o Estado tem enfrentado o problema de maneira decisiva para que possamos acabar com essa vergonha”, salientou
De acordo com o MTE, as maiores ocorrências de irregularidades acontecem nos municípios localizados no Sul do Estado, como Humaitá, Apuí e Manicoré, mas há registros de casos em Parintins e Tefé, principalmente nas atividades agropecuárias, extrativistas e construção civil.
A pesquisa estima que, no Brasil, 25 a 100 mil pessoas trabalhem em condições que desrespeitam sua dignidade, tanto nas regiões rurais quanto urbanas. O Pará lidera o ranking com o maior número de empregadores inscritos na ‘lista suja’ (26,08%), seguido por Mato Grosso (com 11,23%), Goiás (com 8,46%) e Minas Gerais (com 8,12%).
Ao todo, 579 nomes de empregadores no Brasil flagrados na prática de submeter funcionários a condições análogas à escravidão e/ou degradantes constam no cadastro do MTE. “Ou seja, mesmo com os avanços obtidos nos últimos anos, ainda há muito a ser feito”, concluiu Melo.