Moro tenta esconder corrupção no governo Bolsonaro

Sérgio Moro próximo de cassação - foto: arquivo/Senado

A Folha de SP publicou ontem quinta-feira (12), uma entrevista especial com Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato e atual Ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.


Chama a atenção que, na entrevista, Moro buscou esconder, descaradamente, os escândalos de corrupção que acontecem no governo de Bolsonaro. Demonstrando, mais uma vez, que seu objetivo verdadeiro nunca foi combater a corrupção na política brasileira.

Perguntado sobre o crescimento de 6% na percepção negativa sobre o combate a corrupção no atual governo, segundo a última pesquisa do Datafolha, ele culpou este dado negativo pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garante que as prisões ocorram depois do fim de todos os recursos, o chamado trânsito em julgado, como prevê a Constituição.

Segundo essa pesquisa, apenas 29% ainda acha que existe um combate efetivo a corrupção neste governo; enquanto 50% avaliam negativamente este quesito na atual administração, em agosto passado este índice era de 44%.

Na verdade, naquele estilo próprio dos divulgadores de Fake News, Moro quer fazer os desavisados acreditarem que a população acha que o combate a corrupção está pior no atual governo porque o ex-presidente Lula foi solto. Esquecendo que a última pesquisa do próprio Datafolha já mostrou que maioria dos entrevistados, 54%, concorda com a libertação do ex-presidente Lula.

O que mudou, na verdade, foi a percepção de importantes camaradas da população sobre o caráter reacionário da Operação Lava jato, sobre o verdadeiro conluio do ex-juiz Moro e os procurados de Curitiba e sobre os escândalos da família Bolsonaro.

É óbvio que as pessoas já começaram a perceber que o combate a corrupção não é feito, principalmente, quando os suspeitos e acusados são aliados políticos de Bolsonaro e de seu governo neofascista. Exemplos não faltam:

Não é a toa que já fez um ano e ninguém sabe nada sobre a investigação em relação a Fabrício Queiroz, ex-policial, amigo do presidente e operador do seu filho Flávio na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ); inclusive, Dias Toffoli, presidente do STF, impediu por vários meses que prosseguisse a investigação sobre as irregularidades nas contas do gabinete de Flávio Bolsonaro na ALERJ; até hoje segue no governo Marcelo Álvaro, atual Ministro do Turismo, mesmo com todo mundo sabendo que ele é um dos principais responsáveis pelo escândalo dos chamados “laranjas do PSL mineiro”; e a própria campanha de Jair Bolsonaro a Presidência da República é suspeita de ter sido “irrigada”, através de caixa dois, com o dinheiro desviado do esquema dos “laranjas do PSL”, e nem investigação existe sobre estas evidências; Apenas para destacar os casos mais conhecidos.

Moro segue ainda bem avaliado, segundo as pesquisas de opinião, mas seu prestígio já deixou de ser o mesmo se comparado ao período do auge da popularidade da Lava Jato. Os vazamentos dos diálogos no Telegram entre Moro, Dallagnol e outros procurados da operação, publicados pelo Intercept e outros veículos de comunicação, demonstraram as irregularidades praticadas no âmbito desta operação e marcaram o início de um desgaste importante do atual Ministro da Justiça de Bolsonaro.

Moro deveria ser afastado do Ministério da Justiça

Na verdade, a gravidade do conteúdo dos vazamentos publicados inicialmente pelo Intercept já seriam mais que suficientes para que Moro fosse afastado do Ministério da Justiça, pelo menos enquanto acontecesse uma efetiva investigação sobre as denúncias da #Vazajato.

Mas, longe disso, muito pelo contrário, Bolsonaro blindou Moro de qualquer investigação, a maioria corrupta e reacionária do Congresso Nacional evitou a instalação de uma Comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre a #Vazajato e o caso sequer foi investigado.

Em contrapartida, Moro atua no Ministério da Justiça como um fiel escudeiro e protetor dos escândalos da família Bolsonaro, atrapalhando como pode toda possibilidade do atual presidente e seus filhos serem de alguma forma investigados. Como vimos no caso das declarações do porteiro do condomínio da Barra, envolvendo Bolsonaro, de alguma forma, com os executores de Marielle e Anderson.

Setores da imprensa – inclusive a própria Folha de SP – buscam estabelecer uma oposição entre Moro e Bolsonaro. Oposição esta que a cada dia que passa fica mais evidente que não existir. Na própria entrevista, Moro garante que vai apoiar a reeleição de Bolsonaro, mostrando que a aliança reacionária entre os dois está bastante consolidada.

Bolsonaro e Moro são duas “faces da mesma moeda”. Eles podem até divergir em temas “cosméticos”, mas são dois representantes do projeto de extrema direita com fortes traços neofascistas, que hoje controlam o governo federal.

Uma das bandeiras das mobilizações dos movimentos sociais e da esquerda deve ser a denúncia permanente dos escândalos de corrupção do atual presidente, de sua família e seu governo. Buscando mostrar para o conjunto da população a grande farsa da campanha de que Bolsonaro combate a corrupção, exigindo sempre uma ampla e transparente investigação de todas as denúncias.

Em 2020, segue sendo a única saída para o povo trabalhador e a juventude, a construção de uma ampla Frente Única dos explorados e oprimidos para derrotar nas ruas o governo Bolsonaro e seus terríveis ataques aos diretos sociais e às liberdades democráticas.

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