
Mesmo com avanços pontuais e esforços recentes por maior representatividade, o Judiciário brasileiro ainda enfrenta um cenário persistente de desigualdade de gênero. Dados revelam que, apesar de as mulheres representarem 51,5% da população brasileira, elas ocupam apenas 39,37% dos cargos na magistratura. E o desequilíbrio se acentua nos postos mais altos da Justiça.
Nos tribunais superiores — que concentram as decisões mais relevantes do país — as mulheres ocupam somente 35% das cadeiras. Entre os 372 magistrados que atuam nas cortes superiores, elas seguem sendo minoria expressiva, em um reflexo claro da sub-representação de gênero nos espaços de poder.
A disparidade não decorre da falta de qualificação ou interesse, mas de barreiras estruturais que ainda limitam o acesso das mulheres a posições de liderança no Judiciário. Fatores como preconceito institucional, falta de políticas de incentivo à promoção feminina e a conciliação com responsabilidades familiares seguem pesando sobre as trajetórias profissionais.
Nos últimos anos, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, tem defendido medidas para ampliar a diversidade nos tribunais, incluindo ações afirmativas e critérios mais inclusivos para indicações e promoções. No entanto, especialistas alertam que o ritmo das mudanças ainda é lento e insuficiente para reverter décadas de desequilíbrio.
A luta por paridade de gênero na Justiça vai além da ocupação de cargos: ela representa o fortalecimento da democracia, da pluralidade de visões nas decisões judiciais e da garantia de direitos para todas e todos.
Fonte: UOL