Nem Dilma e nem Temer, mas algo mais devastador – por Benedito Tadeu Cesar

Para que fique claro, o que eu estou falando, quando avento a necessidade da convocação de eleições gerais após a volta de Dilma à Presidência da República.


Dilma e o PT estão queimados junto à grande parte da opinião pública. O prestígio atual de Dilma advém unicamente do desprestígio de Temer e dos golpistas.

Se Dilma for reempossada, seu prestígio junto à opinião pública e às esquerdas não resistirá por muito tempo e, qualquer que seja o cenário, os deputados e senadores e também os empresários e as classes médias, não estarão com ela.

Dilma não tem como contentar nenhum dos lados, pois nenhum deles confia efetivamente nela, já que ela nunca se aliou a nenhum deles para valer. Nem se aliou de fato com a esquerda e os setores populares, durante o seu primeiro mandato, nem se aliou com o empresariado e às classes médias, durante o seu segundo mandato. Por que, agora, alguém passaria a acreditar fortemente nela?

Dilma e o PT não têm capacidade de articulação política, neste momento, para conquistar aliados no Congresso Nacional e entre as forças políticas que detêm poder e compor um novo governo.

A Rede Globo e a grande mídia não estão queimando Temer e Cunha à toa. Eles estão contando com a radicalização do cenário político e das ruas.

Os procuradores da República, os policiais federais, os juízes e os ministros do STF ensandecidos e os golpistas em seus meios, não desistirão enquanto não desprestigiarem toda a classe política, todos os políticos e toda a política. Tudo farão para indiciar e impedir que Lula se candidate em 2018, inclusive tentar prendê-lo.

Com isto, abrir-se-á a brecha para os setores truculentos das Forças Armadas (alguém duvida que eles existam, ainda que estejam quietos até agora?) botarem a cabeça de fora e, quem sabe, as tropas nas ruas (não me venham com a afirmação de que não há clima internacional para isso, pois em 1964 também se dizia isto e o golpe veio).

É preciso, pois, encontrar uma saída política para a crise, antes que o caos se instale efetivamente.
A convocação de eleições gerais, assim que Dilma for reempossada, negociadas desde já, pode ser o melhor caminho para garantir a volta à normalidade democrática.

*Benedito Tadeu Cesar é diretor geral do InPro – Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais

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