
O estrogênio é associado a uma série de outras funções importantes no organismo da mulher, ele regulariza o ciclo menstrual e também é capaz de proteger contra doenças cardiovasculares. Entre outras funções, esse hormônio tem funções significativas no corpo feminino.
“Nós temos receptores de estrogênio em quase todo o corpo, então ele atua em diversos tecidos do organismo feminino”, afirma Fernanda Polisseni, ginecologista e professora do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).
Dessa forma, quando ocorre o bloqueio desse hormônio, existem consequências e que estão sendo desvendadas recentemente por cientistas. Foi descoberto por um estudo apresentado na 35ª conferência anual do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia, o porquê de mulheres costumarem ter mais dificuldade do que os homens para abandonar o tabagismo.

O artigo explica que uma dose regular, podendo ser equivalente a um único cigarro, diminui os níveis de estrogênio no cérebro das mulheres. Esse efeito atua no tálamo, área cerebral envolvida diretamente em respostas comportamentais e emocionais.
“Ainda não temos certeza de quais são os resultados comportamentais e cognitivos, só que a nicotina atua nessa área do cérebro. Porém, notamos que o sistema cerebral afetado é alvo de drogas viciantes, como a nicotina”, afirma a pesquisadora principal do estudo, a professora Erika Comasco, da Universidade Uppsala, na Suécia.
O estudo está sendo desenvolvido para avaliar se esse bloqueio está ligado diretamente ao fato de mulheres terem mais dificuldade de abandonar o cigarro e até mesmo terem mais recaídas do que os homens. E foi o que a pesquisadora completou: “Precisamos agora entender se essa ação da nicotina no sistema hormonal está envolvida em alguma dessas reações.”

“É improvável que esse efeito específico da nicotina no tálamo (e na produção de estrogênio) explique todas as diferenças observadas no desenvolvimento, tratamento e resultados entre homens e mulheres fumantes. Este trabalho ainda está muito longe de uma diminuição induzida pela nicotina na produção de estrogênio para um risco reduzido de dependência de nicotina e efeitos negativos do tratamento e recaída em mulheres fumantes, mas merece uma investigação mais aprofundada”, declara Wim van den Brink, professor emérito de psiquiatria e dependência do Centro Médico Acadêmico da Universidade de Amsterdã.
Entender como funciona o cérebro e a distribuição de hormônios em relação à fatores externos pode ser esclarecedor em vários fatores. Os estudos estão em andamento, é um avanço para compreensão.
Fonte: iNMAGAZINE/iG