Novo Google Earth oferece viagem virtual pela Amazônia

Amazônia/Foto: Divulgação

São Paulo – O desmatamento da Amazônia preocupa o mundo inteiro. Muito além de abrigar a maior biodiversidade do planeta, a floresta é uma espécie de coração da Terra, interconecta as diferentes partes do globo. É o que mostra a nova plataforma do Google Earth Eu Sou Amazônia, lançada na terça-feira, 11, na sede da empresa, em São Paulo. O objetivo é fiscalizar as áreas de desmatamento, contar a história dos nativos e conscientizar acerca da preservação de seus espaços.
Para a diretora do Google Earth, Rebecca Moore, a ferramenta se tornou uma maneira de contar histórias para todo o planeta e unir pessoas. “Vivemos uma época de polarização. Precisamos de pontes de comunicação para pessoas diferentes. É uma forma de compartilhar experiências e emoções fortes”, disse.


Pela primeira vez, a ferramenta que fornece imagens tridimensionais de diferentes pontos do planeta disponibiliza conteúdo brasileiro para todo o mundo. Com material fornecido por moradores locais, a empresa mapeou áreas de quilombos e aldeias indígenas. A tecnologia, que muitas vezes ocupa o lugar de inimiga do meio ambiente, é a mais nova aliada na tentativa de conter o avanço da exploração ilegal das áreas de preservação da Amazônia.

Através de 11 histórias interativas, algumas produzidas por Fernando Meirelles – um dos mais renomados diretores de cinema do Brasil – a ligação da Amazônia com o resto do mundo é explicada através de textos, com tradução para o idioma da etnia representada, mapas interativos, vídeos e imagens em 360º. A floresta que produz 20% do oxigênio do planeta e abriga uma em cada 10 espécies de animais também é lar de diferentes povos e etnias e suas vidas são mostradas, junto com um resgate da história de exploração e matança desses povos.

As narrativas são divididas em tópicos que abordam desde a importância da floresta para o regime de chuvas em todo o planeta até a produção dos alimentos que chegam à mesa e muitos desconhecem a origem, como é o caso do cacau. Também é vitrine para o trabalho dos moradores. Os Yanomami estão se preparando para levar turistas ao Pico da Neblina, ponto mais alto do Brasil. A tribo espera que o programa impulsione o turismo ecológico.

Amazônia/Foto: Divulgação

Presente nas prateleiras de supermercado do mundo inteiro, a castanha-do-Pará é a principal fonte de renda do quilombo Boa Vista Trombeta, no Pará. E a preservação dos castanhais a maior prioridade dos habitantes. “Na época de safra, os quilombolas de praticamente todos os quilombos vão coletar uma quantidade muito grande de castanhas que são vendidas para a indústria, levadas para fora”, conta Claudinete Colé de Souza, coordenadora administrativa da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO).

“Antes nosso trabalho era semi-escravo, quem controlava eram nossos patrões, tínhamos que entregar o produto e eles pagavam um valor muito injusto, mas passamos dessa fase. Hoje, trabalhamos com liberdade de negociar diretamente e queremos mostrar para o mundo que podemos negociar sem intermediários”, explica Rogério de Oliveira Pereira, 47 anos, do quilombo de Trombetas.

A ferramenta conta com uma lista de municípios mais desmatados e também aqueles que estão conseguindo cumprir as metas de redução. Para o diretor executivo do Instituto Socioambiental (ISA), André Villas-Boas, trata-se de uma ferramenta potente de fiscalização. “Pode ser usada por populações, povos e pela sociedade para monitorar cotidianamente os territórios e áreas protegidas, vulneráveis ou ameaçadas”, avaliou.

O projeto teve início em 2007, quando o líder indígena Almir Narayamoga Suruí, da etnia Paiter Suruí, teve acesso ao Google Earth e percebeu que aquela era uma maneira de comunicar os problemas de invasão de terras indígenas e extração ilegal de madeira, que seu povo vem sofrendo desde 1969.

“Lutamos bastante pela nossa floresta e não é porque achamos bonito. É porque a floresta faz parte de nossas vidas. Vivemos com ela e ela com a gente. Nossa luta é para conscientizar o mundo”, explica Almir, que entrou em contato com o Google para desenvolver a parceria que resultou no Eu Sou Amazônia.

Fonte: Correio Brasilense

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