O cafezinho e o choque de gestão – por Christiano Pinheiro da Costa

Defensor Público Christiano Pinheiro da Costa

Em tempos de crise econômica, o corte do cafezinho em repartições públicas virou símbolo da redução de gastos.
Muitos estudiosos do tema avaliam a medida como inútil, principalmente porque desacompanhada do verdadeiro choque de gestão: redução de diárias e passagens, eliminação de cargos e estruturas desnecessárias, redução do custeio, otimização dos recursos públicos.
O cafezinho faz parte da cultura de muitas nações e se mostra um estimulante energético natural. Na ambiência corporativa, a pausa para o cafezinho, muitas vezes, faz brotar ideias e soluções para melhoria da rotina de trabalho. O que pode parecer um benefício ao orçamento de uma repartição, acaba por desmotivar os servidores, criando um clima de desespero. Não nos esqueçamos que uma empresa, uma repartição, é formada por pessoas. Pessoas desmotivadas não produzem.
Acredito que gestores que cortam o cafezinho querem apenas desfraldar a bandeira do gestor austero, na medida em que esses gastos não possuem grande representatividade nos custos.
Todos nós sabíamos que 2015 seria um ano difícil do ponto de vista econômico, da arrecadação. Os gestores ao invés de prospectarem a despesa com valor menor do que o previsto na lei orçamentária para 2015, vez que dependente da arrecadação que dava claros sinais de queda, optaram por soluções iníquas, sem qualquer eficiência financeira. Resultado, ficaram quase todos dependentes de suplementações ao orçamento.
Quem tiver ligações políticas vai conseguir escapar do fiasco, quem não tiver, vai amargar o vexame.
O bom gestor se mostra em tempos de crise, antevendo situações, criando alternativas, apresentando soluções, mostrando capacidade gerencial, administrando conflitos e falando a verdade para seus liderados. Não se enclausura em seu gabinete e dá sinais aos comandados de que está trabalhando para mudar ou minimizar o panorama.
Nesse cenário conturbado, fica a lembrança das palavras do Conselheiro Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, Josué Filho: “O TCE se planejou para a crise, o justo não pode pagar pelo pecador”.
Façamos a análise dos gestores que temos, saboreando um delicioso cafezinho!
*Christiano Pinheiro da Costa é Defensor Público e Professor Universitário.


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