Nem vai dar. Ao menos não o comunismo proposto por Marques. Antes de tudo, no entanto, há uma pegadinha do malandro nesta questão:
Segundo Marques, o socialismo surgiria quando a classe trabalhadora, através de uma revolução violenta, tomasse o poder sobre os meios de produção e instituíssem a Ditadura do Proletariado. Tal ditadura controlaria os tais meios de produção e lentamente transformaria a sociedade para que todos fossem iguais. Atingido este estágio, os ditadores lentamente desfariam o Estado, abrindo mão de se poder e o entregando ao povo, que então seria realmente dono de tudo de forma igualitária, cada um dando o máximo de si pela sociedade e buscando tomar de volta o mínimo.
O problema é que, fora do reino da fantasia, isto nunca aconteceria.
Digo, os trabalhadores do mundo se unirem? Só numa mente bem simplista os interesses de um minerador de carvão do norte da Inglaterra e os de um programador do sul da Califórnia se cruzariam com os de um funcionário público de uma empresa do Brasil e de um assalariado japonês.
Todas as revoluções socialistas foram a nível nacional, isto quando não era uma região que fazia a revolução, tomava o poder e obrigava as demais regiões a aceitá-la ou… Não por acaso a URSS matou algo entre 4 e 10 milhões de ucranianos e outro tanto de outras minorias não muito afeitas ao socialismo.
Mais ainda, já viu ditadores de esquerda entregarem o poder?
Todos os Estados socialistas foram cruéis ditaduras, cujos líderes e seus apoiadores próximos tinham todo o poder. Mao Tse, por exemplo, quando os professores chineses começaram a cobrar aquela tal de igualdade tão prometida, após 20 anos de socialismo, jogou seus alunos contra eles, no massacre de tortura, estupro e morte chamado Revolução Cultural.
Finalmente, a economia socialista carece de enormes problemas de produção.
E é um fator humano. Se você é um trabalhador que produz 3.000 peças por mês e recebe 1.000 rublos e vê seu colega produzindo 2.004 peças e recebendo os mesmos 1.000 rublos, você – enquanto ser humano – vai achar injusto e começará a produzir 2.004 peças. E quando vocês dois verem que outro colega produz 1.789 peças e recebe os mesmos 1.000 rublos o que acha que acontece?
Nisto, a produção cai lá embaixo e os relatos de falta de tudo em países socialistas são comuns. Cuba, uma imensa ilha, não tem indústria pesqueira, pois a ditadura tem medo de as pessoas fugirem. Então, você tem direito teoricamente a uma quantidade X de peixe, mas como não tem, raciona-se o pouco que tem ou até falta.
Não por acaso, países socialistas são mais conhecidos pela falta de comida para todos que por diferentes níveis de acesso à alimentação por todos e alguns com falta de outros sistemas.
Alguns países buscaram alternativas, como Lênin ao ver esta realidade que Marques, tão sábio, não viu, permitindo bônus e vantagens a quem produzia, mas se todos são iguais e uns recebem mais, a essência das ideias de Marques já foi pra lama.
Outros, como o Khmer Vermelho do Camboja tiveram bons resultados enfiando um soldado armado atrás de cada cidadão. Depois de matarem 1 em cada 4 cambojanos, o regime acabou sendo invadido pelo Vietnã (contra os desejos da China).
Então, por o socialismo não funcionar, os ditadores não entregarem o poder e os regimes acabarem antes de dar resultados, o socialismo nunca se transformaria em comunismo.
Como eu disse antes, no mundo real. Num livro as palavras valem tanto quanto o autor quer e, se no mundo da fantasia dele funciona, funciona.
Então, como o socialismo não funciona, O comunismo não funcionaria em lugar nenhum do mundo, pois ele nunca foi nem será implantado.
Obviamente sempre vai ter a pessoa que defende sua implantação na América Latina, pois se na Alemanha, que tem alemães, na Coreia, onde tem coreanos, em metade da Europa, onde tem europeus, não deu certo mas é na América Latina que o povo vai fazer funcionar, como funciona em Cuba e está a quase funcionar na Venezuela.
