O “ídolo da Lava-Jato” já foi preso e responde processo por contrabando

O longo braço da lei ‘de olhos puxados’ que aparece nas prisões da “Operação Lava-Jato” atende pelo nome de Newton Hidenori Ishii. Mas ele não é o mocinho cantado nas músicas de carnavalescas, aliás, a reportagem do Muvuca Popular apurou, com exclusividade, onde ele esteve em outros carnavais: Atrás das grades.


Newton Ishii é chefe do núcleo de operações da PF em Curitiba, PR, ou seja, com atividade burocrática, fazendo relatórios de campo ou prestando contas de adiantamento e diárias, e atividade tática, como pular muros, arrombar portões e algemar os suspeitos.

O problema não é o policial ser o “aparecido”, especialmente nesse caso de grande repercussão nacional, mas estar respondendo a processos devido a sua prisão por quase 90 dias na “Operação Sucuri”, de 2003, quando após cinco meses de investigação a PF/PR chamou Brasília devido ao largo envolvimento de policiais e servidores da Receita Federal com contrabandistas paraguaios.

A “Operação Sucuri” foi devido aos servidores públicos liberar veículos na Foz do Iguaçu carregando muamba do Paraguai. E não se sabe se eram apenas cigarros ou equipamentos eletrônicos. Mas de posse das placas, os servidores federais mandavam passar, sem parar.

Nessa brincadeira foram presos 23 policiais federais, dois patrulheiros rodoviários e três agentes do Fisco Federal. Após a apuração da policial federal, houve o processo contra 17 policiais federais que respondem pelos crimes de corrupção passiva qualificada, facilitação de contrabando e formação de quadrilha.

Após a prisão preventiva, o agente Newton Ishii, que entrou na PF em 1976, pediu aposentadoria em 2003. Ficou aposentado até 2009, quando a PF cancelou sua aposentadoria e o mandou retornar ao trabalho. Pois é praxe que a aposentadoria só ocorra se não houver nada contra o funcionário público.

Porém, nesses casos, quando o policial está sendo investigado ou respondendo a processos disciplinares, que podem resultar em demissão, ou cassação da aposentadoria, ele não poderá ficar perto das suas funções originais, ou seja, nada de viaturas, rádios, sistemas de dados, armas, nada disso.

O agente em investigação apenas fica em uma sala pequena, sentado, esperando passar o seu horário de expediente, fica “de castigo”, até que tenha sua ficha limpa novamente, quando volta ao trabalho, de investigação e tático, ou se aposenta.

Viúvo desde 2009, com belas filhas e netas “mestiças”, já adultas, Newton Ishii, que atuava nas operações especiais da polícia nos anos 80, não deve se sentir à vontade em sua aposentadoria, e menos ainda numa boa, “de castigo” em uma salinha. Possui confiança dos seus superiores, até porque a sua ficha funcional é boa, exceto pela “Operação Sucuri”.

No atual sistema de execração pública por qual passam todos os investigados pela PF, no entanto, Newton não figura na percepção popular apenas como mais um bandido que precisa apodrecer na cadeia.

(Muvuca Popular)

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