

A radiografia que se faz do resultado das eleições presidenciais vai muito além da polarização partidária, da divisão política, das preferências regionais, da luta de classes.
Dado o resultado apertado do pleito presidencial, justificado pelas imprecisões de rumo da política econômica – que afeta a todos indistintamente – e pelos constantes escândalos de corrupção, ficou a certeza de que a alternância de poder é viável. Sei que parcela significativa da sociedade já vocifera a expressão “ditadura democrática do PT”, mas longe das emoções do pleito, observam-se questões pontuais que foram decisivas na reta final das campanhas.
Nesse cenário acirrado, o campo do marketing político, talvez tenha sido o diferencial nesse pleito.
De um lado, um partido com militância aguerrida e com uma coordenação de campanha que soube vislumbrar as nuances da corrida eleitoral, fatiando-a conforme a subida e descida das intenções de voto. Sua candidata não teve medo de mergulhar no confronto. Na hora de recuar, soube se vitimizar, atraindo o voto das mulheres e das minorias, uma verdadeira guerreira.
Noutro polo, a atuação tímida do PSDB enquanto oposição, permitindo que o PT se apropriasse das políticas sociais com exclusividade, como se ninguém mais fosse capaz de efetivar ou ampliar medidas do gênero, somados ao medo constante do confronto por parte de Aécio Neves e a sua incapacidade de atacar sem ofender e demonstrar à população que se o país vai bem, não precisa de políticas sociais, sem falarmos no descuido junto a seu berço eleitoral.
Nunca antes na história desse país a derrocada do PT esteve tão próxima. O PSDB teve dificuldade em interpretar que seus não-eleitores queriam algo diferente da pauta corrupção.
Se Aécio Neves virasse um personagem da obra O Mágico de Oz, de L. Frank Baum, com toda certeza teria sido o leão, dada sua absoluta falta de coragem em mergulhar numa campanha, em retirar o vestuário elitista e em enfrentar o PT com firmeza, como Arthur Virgílio tantas vezes fez.
Curiosamente, Dilma Rouseff, que já foi chamada de poste, conjugou perfeitamente os atributos principais do espantalho e do homem de lata: atuação cerebral e coração valente.
Agora, como diria o jingle da candidata reeleita, queremos viver uma nova esperança, com muito mais futuro e muito mais mudança.
*Christiano Pinheiro da Costa – Defensor Público e Professor Universitário.