O vírus dos estúpidos deveria ser melhor contido

Presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sempre tripudiando as inúmeras e intermináveis crises do seu mandato – foto: arquivo/divulgação

Na terça feira (18) ultrapassamos a marca vergonhosa de mais de mil mortes registradas em um único dia por complicações causadas pelo coronavírus, sem um ministro da Saúde titular, ou alguém que saiba ser presidente da República.


Mas, infelizmente temos um negacionista egoísta e arrogante na Presidência da República, que convenceu uma parte da população que a covid-19 é uma bobagem.

Seus fãs apontam para os registros recordes de 1.200 mortos por coronavírus a cada 24 horas, e os mais de 18.000 desde o início da pandemia e dizem que é mentira de governadores inescrupulosos.

Tudo é fake news

Miram para cemitérios lotados e afirmam que os caixões estão sendo enterrados vazios. Compartilham fake news nos grupos de WhatsApp afirmando que um borracheiro foi registrado como morto por covid-19 quando, na verdade, teria sido atropelado.

Na realidade paralela do bolsonarismo, um óbito só é válido se passa pelo crivo da narrativa que ajuda seu líder, ou mito.

Lá do alto da montanha de corpos, o presidente Bolsonaro dá a ordem: Não acreditem em nada disso. É apenas histeria, fantasia, resfriadinho, gripezinha.
Pela ignorância ou pelo medo, muitos repetem suas palavras e suas ações. E vamos noite adentro.

Carniceiros

Na prática, a barreira dos quatro dígitos já havia sido ultrapassada, uma vez que a estatística traz uma radiografia atrasada e imperfeita, seja pela subnotificação, seja falta de testagem. Com isso, somamos 17.971 até agora.

E a curva de óbitos está longe do “achatamento”. Essa palavra soava estranha há três meses, mas hoje torcemos todos para que ela chegue rápido.

Ou quase todos. Pois, enquanto choramos nossos mortos, as hienas que orbitam em torno do Bolsonaro, seguem fazendo seu serviço carniceiro.

Recentemente, começaram a defender que as pessoas estão se contaminando porque estão ficando em casa e, por isso, os saudáveis deveriam ir para a rua. Sim, a burrice, quando atinge uma escala cósmica, é desesperadora.

Se o vírus infectou pessoas em uma residência é porque veio de algum lugar, trazido por quem vai à rua. Considerando que o distanciamento social de idosos e pessoas imunodeprimidas é impossível em residências pobres, nas quais várias pessoas compartilham do mesmo cômodo, cada vez que alguém “saudável” sair, corre o risco de infectar os que ficam. Mas não importa.

A razão não importa. A ciência não importa. O que importa é garantir que Bolsonaro termine seu mandato, mesmo que isso custe a vida de milhares de brasileiros.

“Agora eu me tornei a morte, a destruidora de mundos.” O físico Robert Oppenheimer teria usado essa citação, extraída do livro religioso hindu Bhagavad Gita, para saudar o teste de explosão da primeira bomba atômica em 16 de julho de 1945.

Havia um misto de perplexidade e de orgulho diante da destruição.

Diante da destruição que conduz como tática odiosa para sua sobrevivência política, Jair nos diz: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”.

A impressão é que, ao adotar a morte como política, não há perplexidade em Bolsonaro. Apenas um orgulho mórbido e prazeroso.

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