
Deitado na calçada do Pronto-Socorro Municipal do Guamá, João Victor, de 3 anos, esperava cansado, com sede e com fome pela chegada do médico que ia fazer o exame de endoscopia. “Estou com sede. Quero água’’, pedia a criança. A dona de casa Roberta Maciel, 21, explicava ao filho o motivo de não poder beber nada. A criança estava sem poder beber e comer desde às 11h de ontem, quando engoliu um moeda de dez centavos.O primeiro atendimento foi realizado na Unidade de Pronto Atendimento(UPA) da Cidade Nova 8, em Ananindeua.
O raio x do estômago comprovou a presença do objeto. Os pais foram orientados a levar João ao Pronto-Socorro do Guamá, em Belém. A família chegou ao PSM por volta das 12h30. Segundo a mãe, em meia hora foram atendidos por uma pediatra. A médica informou a necessidade de a criança realizar uma endoscopia gástrica. Para isso, era preciso aguardar o médico assumir o plantão, às 16h. Passava das 17h e nada de o profissional aparecer. “A gente está quase desistindo de ficar nesse tormento. Melhor voltar para casa’’, disse o pai, Raphael Oliveira, 23.
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Aflita com a condição do filho, Roberta, também com sede e fome, desistiu da ideia de comprar uma garrafa de água e comida para ela. Tudo para não ver o filho pedir e ter de negar. “Eu quero que ele durma. Pelo menos assim não vai sentir fome nem sede’’, diz.A dona de casa ainda carregava no colo um bebê de 8 meses. Ela conta que a família é de Manaus e está em Belém há 1 mês. Ao se deparar com a situação da saúde, se decepcionou e pensa em voltar para a cidade natal. “A saúde pública aqui é horrível. Em Manaus é ruim, mas aqui é pior. E olha que aqui tem tanta coisa bacana, lugares bonitos’’.
(DOL)