Pandemia do tabagismo: Brasil enfrenta explosão do uso de cigarros eletrônicos entre jovens

Foto: Recorte

O tabagismo é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia, representando uma ameaça global à saúde pública. Embora a OMS destaque a necessidade urgente de combate ao fumo, o cenário no Brasil mostra um crescimento preocupante desse hábito, especialmente em relação ao uso de cigarros eletrônicos. Dados do Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC) indicam que o número de usuários de vapes no país quadruplicou em quatro anos, saltando de 500 mil em 2018 para 2,2 milhões em 2022, apesar da comercialização desses dispositivos ser proibida no Brasil. Esse aumento é particularmente preocupante entre adolescentes e até crianças.


A médica de família e comunidade Sarah Sant’Anna, da Unimed Cerrado, alerta que o tabagismo é prejudicial à saúde em todas as suas formas, seja inalado, aspirado ou mascado. Além disso, os malefícios do fumo não se restringem apenas ao fumante ativo; os fumantes passivos também correm riscos significativos de desenvolver doenças graves devido à exposição à fumaça do tabaco.

Atualmente, mais de 70% das mortes no Brasil são causadas por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), e o consumo de nicotina, presente em produtos à base de tabaco, é um dos principais fatores de risco para essas enfermidades. O tabagismo está associado a cerca de 50 doenças, incluindo doenças cardiovasculares como hipertensão, infarto e derrame, além de ser uma das principais causas de câncer de pulmão, boca, laringe e outros tipos. O hábito também contribui para doenças respiratórias graves, como bronquite crônica e enfisema pulmonar, e enfraquece o sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a infecções como gripe e tuberculose.

Apesar desses riscos, o Senado brasileiro discute a possibilidade de regulamentar o comércio de cigarros eletrônicos, uma proposta que tem gerado controvérsias e a oposição de diversas entidades médicas. A liberação desse mercado contraria as diretrizes globais de combate ao fumo e expõe a falha na fiscalização, já que o uso desses dispositivos aumentou mesmo com a proibição.

Para lidar com o vício, a médica Sarah Sant’Anna destaca que existem várias opções de tratamento disponíveis, como goma de mascar e adesivos de nicotina, sprays nasais e inalantes, além de medicamentos como a bupropiona, um antidepressivo que ajuda a reduzir os sintomas de abstinência. No entanto, ela ressalta a importância de que qualquer tratamento seja feito sob supervisão médica, com acompanhamento contínuo para garantir a eficácia e a segurança.

A batalha contra o tabagismo é complexa e exige esforços contínuos para conscientizar a população sobre os riscos e oferecer suporte adequado para quem deseja abandonar o vício. O crescimento do uso de vapes no Brasil é um lembrete de que ainda há muito a ser feito para proteger a saúde pública.

Artigo anteriorCidades banhadas pelo rio Solimões poderão ser isoladas
Próximo artigoEfeito Lula: Desemprego cai para 6,8%, menor taxa da história e recorde de ocupação

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui