Para investidores, 2015 é o ano perdido – por Carlos Melchizedek

O pior cenário é de 02 anos de ajustes. Os erros de gestão foram imensos. A irresponsabilidade de gestão idem. Há um olho na bolsa e outra no câmbio. Claro, o país tem fundamentos ainda sólidos. Não vai bater na porta do FMI com pires na mão. Mas, estamos pagando um preço alto por conta de decisões políticas equivocadas. Quebraram o país. O conserto vai ser doloroso.


 
E agora, os especialistas admitem: os cortes terão que ser entre 90 a 100 bilhões de Reais. Sem isso aumenta o déficit público. O Brasil precisa voltar a crescer a 3,5 4% para sair da situação presente.

 
Sem credito o ano será ruim para a indústria automobilística, o Fies, a agricultura. O credito tem sido apontado como o vilão da história presente. Não há Money. Os bancos vão pagar mais juros e vai sobrar para o usuário de seus serviços. É o repasse na cadeia alimentar.

 
Mesmo no Mercosul, sem uma política de industrialização não há futuro. Do jeito que está não há integração. E anotem, a Argentina impulsionada pelos recursos chineses vai dar trabalho. O Brasil teve a oportunidade de fazer uma parceria melhor, mas não fez. A Zona Franca de Manaus vai ser afetada. Eletroeletrônicos da ZFM são exportados para lá.

 
Na Argentina os chineses vão tomar conta do mercado. Trata-se não só de estratégia econômica, mas geopolítica. A área de defesa militar já tem acordos nesse sentido.

 
O olhar critico da sociedade

Há cada vez mais, um olhar crítico da sociedade em relação aos governantes de plantão. Seus atos não passam impunes. Se o país fosse parlamentarista a presidente Dilma já teria sido substituída no governo. O PT trouxe uma revolução cultural para o país mas se perdeu no caminho.

 
O Brasil paga pela irresponsabilidade de seus governantes em todos os níveis. O que esperar para os próximos meses considerando a imobilidade governamental para atrair e consolidar investimentos internacionais, locais e mais focado na agenda política?
Agenda política no Brasil significa acordos escusos, negócios feitos na antevéspera com financiadores que cobram a fatura depois. Você pode ter as melhores ideias, os melhores projetos. Você não terá vez porque aos governantes de poder no Brasil tem seus interesses próprios. Muito acima dos interesses coletivos.

 
Cartas de intenção, eventos com muita publicidade contrastam com a realidade da economia do país que desce a ladeira. Seria hora de mudanças culturais profundas na consciência política do Brasil. O país pode mudar.

 
Em tempo de crise governos em todos os níveis estão centrados em ajustes tributários, com postergação de um planejamento estratégico de médio e longo prazo. A agenda política sobressai-se mais uma vez.

 
A reforma política não tende a unificar eleições gerais. Os custos continuarão os mesmos. É, governo está abastecendo o avião no vôo e a primeira classe executiva continua fazendo o mesmo jogo de cena.

 
É o governo mantendo as estratégias de financiamento privado, com lastro do tesouro público, nos acertos de bastidores, nas velhas práticas que impedem inclusive empresas sérias de se consolidarem no mercado. Não há espaços para elas. O mercado vive também um cartel.

 
As reformas políticas entrelaçadas com os ajustes econômicos podem dar uma nova perspectiva para o Brasil sair da atual crise e apontar novos rumos para a nação se houver responsabilidade.

 
Não se iluda, recessão ainda em 2016 não está descartada, mesmo com todas manobras em 2015 para fazer caixa para a eleição do próximo ano. Um costume que está evidente nas ações políticas em todos os Estados. Um mal terrível que compromete o pão, o feijão, a comida na mesa dos menos favorecidos e impõe limitações pesadas para empreendedores e pessoas que lutam por vida digna no país.

 
O parlamentarismo voltou a cena. Um partido adequado para isso hoje seria o PMDB que já vem trabalhando nessa ótica.

 
As previsões sombrias
A Epicurus , agencia especializada em investimentos, vem como um cenário bem sombrio: o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira diz que não dá para simplesmente descartar um cenário de recessão em 2016.

 
Por enquanto, suas projeções para o PIB brasileiro são de -1,8% em 2015 e +0,6% em 2016.
E a virada do Nilson neste ano acontece assim: -2,4% no 2T15, -2,0% no 3T15 e -1,3% no 4T15.

 
Quando o Governo fala em recuperação no segundo semestre, imaginamos algo muito positivo. Levaremos, na melhor das hipóteses, números menos negativos, segundo a Epicurus. Enquanto tudo cai, os Credit Default Swaps do Brasil continuam subindo.

 

Isso é bom? Não exatamente.

Esses Swaps são papéis que funcionam como um seguro contra a quebra do País. Seu aumento – especialmente nos horizontes de 5 a 10 anos – denota uma maior percepção de risco, conforme mostra este gráfico da Bloomberg: Se a arte imita a vida, a Bolsa imita a Macroeconomia.

 

Valor de mercado das empresas listadas na Bovespa fechou 2014 em R$ 2,2 trilhões. É o menor nível desde o R$ 1,4 trilhão cravado na crise de 2008. Isso basta para concluir que as ações brasileiras estão baratas?

 
Entendo que não. A 53 mil pontos em BRL, Ibovespa está um pouco mais caro do que barato. Temos que sair de cima do muro para engatilhar um processo saudável de destruição criadora.

 

Em meio a tantos ajustes gradualmente agonizantes, um choque de reprecificação não seria tão mau. Dependerá fundamentalmente do câmbio, que não tem dó de ninguém.

 

Portanto, fixe um olho na Bolsa e outro no câmbio – é o que devemos fazer para aproveitar eventuais Barganhas à frente.

Os erros da velha ordem

O Executivo gasta além do que arrecada, o Legislativo e Judiciário não assumem a responsabilidade que deveriam ter. Mesmo com os anúncios da cooperação com a China o cenário que se desenha é o seguinte: espera-se que a inflação volte à sua meta e que um programa de concessões em infraestrutura dê novo rumo para o país. O pior desse cenário é a imobilidade governamental.

 
Tudo isso será pesado na hora de mudanças a começar em 2016. Os anúncios de financiamento da China de imediato podem ajudar em muito a Petrobras. As obras de infraestrutura também. Ferrovias estão nessa perspectiva. A ferrovia do Pacifico é uma possibilidade ainda distante.

 
Os Estados Unidos podem ajudar em muito o Brasil também. Mas, é preciso ter uma outra visão estratégica do mundo. Ideologias ultrapassadas não pagam o preço da crise criada por um Estado jurássico.

 
No fim do mês a presidente estará nos Estados Unidos. Busca tranquilizar o mercado. Falta tirar do papel os acordos feitos pelo MDIC. China e Estados Unidos são parceiros prioritários nessa perspectiva. A União Europeia em futuro próximo.

 
O Brasil pode ser um ponto de equilíbrio nas relações internacionais. Pragmatismo é necessário para vencer os desafios atuais. Na próxima eleição a população deveria fazer uma limpa nesse cenário triste.

* Carlos Melchizedek é jornalista, Mestre em Engenharia da Produção

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