
Mais de 44 municípios do Amazonas estão em situação de emergência por conta das enchentes dos rios, especialmente aqueles da calha do Rio Solimões, Purus, Juruá e seus tributários, inundando cidades inteiras, como é o caso de Boca do Acre que já está em estado de calamidade.
Os números são assustadores em relação a famílias desabrigadas (quase 100 mil) que tiveram que deixar suas casas após várias tentativas de nela permanecer elevando os assoalhos e criando pontes entre os cômodos, tudo em vão perante a força das águas que invadem as áreas mais baixas desses municípios.
As ruas se transformaram em rios e em lugar dos carros e motos agora circulam canoas e rabetas entre as casas mudando um cenário que era de normalidade para um cenário de medo e desespero.

Com a população abrigada de forma precária, as cidades deixam de respirar o dia-a-dia, o comércio praticamente já fechou as portas, por não ter a quem vender, as escolas não funcionam mais deixando milhares de alunos sem aulas por uma período indeterminado e por fim, os hospitais também ficaram inundados deixando de atender a população dificultando o acesso ao atendimento médico e ambulatorial.
Nessas localidades a agricultura é o segmento mais prejudicado com a perda inteira de vários cultivos regional, como macaxeira, melancia, jerimum dentre outros e que, por esta situação a escassez de alimentos chega aos mercados e feiras da região e assim, não há circulação de dinheiro por conta do comercio e a estagnação econômica afeta inclusive a receita dos municípios.
Na capital do estado, Manaus também foi afetada, até agora mais de 30 bairros estão alagados e grande parte da população afetada somente tem acesso as suas casas através de pontes de madeiras que funcionam como trilhas seguras acima da aguas e são elevadas constantemente de acordo com a elevação das aguas.
Em Manaus, há uma grande diferença entre os demais municípios que sofrem enchentes de rios correntes, com o Rio Negro represado pelo Solimões a inundação faz florescer um imenso espelho d’água formado a partir do descarte inadequado do lixo urbano das casas afetadas. A combinação explosiva de concentração de lixo urbano com águas paradas se traduz em ambiente perfeito para a proliferação de ratos e a perigosa doença leptospirose, doença essa que mata em pouco tempo.
Ações humanitárias são desenvolvidas pela Defesa Civil do Estado e dos municípios envolvendo principalmente a distribuição de madeiras para pontes, água potável e cestas básicas para mitigar as enormes dificuldades que esse povo sofrido tem que enfrentar em intervalos cada vez mais curtos.
Mudanças climáticas vieram para ficar e afeta a todos nós, indistintamente.(George Dantas – ambientalista)