
Com o anúncio oficial da saída do ministro da Justiça, Sérgio Moro, o ministro da Economia, Paulo Guedes desmarcou algumas agendas da tarde de hoje (24), e já há rumores que o próximo a sair será ele e, a partir daí, o governo Bolsonaro acabou.
O Ibovespa, maior índice da bolsa de valores brasileira, chegou a operar com queda de 6,44%. Além disso, o dólar passou a ser vendido a R$ 5,71, renovando sua máxima histórica.
Pedro Paulo Silveira, Economista-Chefe da Nova Futura, comenta que a virada no mercado ontem já demonstrava que o governo estava com conflitos. “O mercado aqui virou por um conjunto de medidas que podem indicar que os problemas políticos do governo estão aumentando”.
Segundo Silveira, o mercado já reagia mal por conta da ausência do Ministro da Economia, Paulo Guedes, na divulgação do pacote de medidas econômicas. “O mercado estava repercutindo mal a divulgação do plano Pró Brasil sem a participação do Paulo Guedes. Esse rumor, com a possibilidade de saída do Moro, aumentou o desconforto do mercado”, afirma.
Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital, afirma que o acontecido demonstra a forma que o governo tem se desfeito durante a crise atual.
“Estamos vendo um governo se desfazer em meio à uma situação gravíssima de política internacional”. Segundo Bergallo, a demissão do Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no meio da pandemia já havia sido um problema para os investidores estrangeiros.
Começou com a Saúde
“A troca do Ministro da Saúde em plena pandemia, obviamente, já pegou muito mal para o investidor estrangeiro, e no momento em que o segundo pilar do governo, que é o Ministro da Justiça, que emprestou a credibilidade toda para o Bolsonaro sai do governo, você está perdendo outra perna desse tripé que não vai se sustentar sozinho”.
O Diretor de Câmbio pontua que já especulam a saída do Ministro da Economia, Paulo Guedes. “Já há rumores que o próximo a sair é o Paulo Guedes, a partir daí, acabou o governo”.
Para Guto Ferreira, Analista Político-Econômico isso reforça a necessidade de analisar mais a fundo as questões políticas. “Isso só reforça a opinião que nós temos um tempo, que não existe uma análise correta do financeiro sem análise da questão política”.
Ferreira ressalta que uma série de questões recentes têm abalado a confiança do mercado financeiro no governo. “O mercado financeiro vem com muita desconfiança ao governo Bolsonaro por diversos motivos, para começar com a instabilidade do Presidente da república, passando pela falta de resultados do ministério da economia”.
Sobre a notícia da demissão de Moro, Ferreira afirma que pode desequilibrar o governo. Além disso, ele destaca que agora o mercado passa a tratar com seriedade o cenário econômico. “A saída de Moro impacta tanto o mercado, pois ele é parte da grande trinca de estabilidade do governo, Moro, Guedes e Bolsonaro. Parece que o mercado passou a entender a real gravidade do cenário político, coisa que não era avaliada por outros especialistas”.
Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus aponta que esta expectativa gera no mercado também medo de uma possível demissão de Paulo Guedes, já que nos últimos tempos, o Ministro tem se envolvido menos. “A demissão do Sérgio Moro é pesadíssima para o mercado como um todo. Mostra o desmonte do Ministério do governo Bolsonaro”.
“Agora existe uma preocupação se o Guedes está mesmo tão engajado no Ministério, tanto que o Braga Netto lançou o pacote de medidas de recuperação econômica e o Guedes não estava nem presente, o ministro da economia não estava presente em um projeto econômico”, afirma.
Para Laatus, a participação de Braga Netto no governo pode ser um fator que coopera para os últimos acontecimentos. “Desde a fritura do Onyx, que acabou saindo da casa civil, e o Braga assumiu, os ministros estão caindo. Veio a saída do Mandetta, agora o Moro com essa mudança na PF, se isso se confirmar, a perda de credibilidade do governo Bolsonaro é gigantesca, por isso o mercado acaba reagindo tão negativamente”, conclui.
Para Daniela Casabona, Sócia-Diretora da FB Wealth, a demissão de Moro mostra novamente o enfraquecimento do governo Bolsonaro e revela um país desorganizado. “Com a saída de Moro, o governo mais uma vez se enfraquece e perde sua equipe de ‘ouro’, o enfraquecimento do presidente com os governantes é cada vez mais evidente e mostra um país totalmente desorganizado e sem consenso”.
Casabona ressalta que o mercado está reagindo mal pela atenção negativa que os conflitos têm atraído. “O mercado está reagindo muito mal, pois em meio a um enfraquecimento global, como um todo, o país se destaca negativamente com os conflitos internos”, finaliza.
Fabrizio Gueratto, Financista do Canal 1Bilhão Educação Financeira, comenta que Moro era um dos dois pilares que sustentavam o governo Bolsonaro, e que a possibilidade da saída de Guedes é praticamente palpável. “Dois pilares centrais sustentavam o governo. Sérgio Moro pela ética e apoio popular e Paulo Guedes pela confiança na retomada econômica. Um deste pilares não existe mais e pode ocasionar a queda do segundo”.
Gueratto pontua que a pandemia teve grandes impactos no plano econômico de Guedes e deve enfraquecer a base política para aprovação das reformas. “O Ministro da Economia viu seu plano ir por água abaixo com o coronavírus e agora pode ficar sem base política para a aprovação das reformas no Congresso”.
O Financista acredita que com isso, o ministro possa ficar desmotivado a seguir no cargo. “A governabilidade pode estar sendo perdida bem no meio da terceira guerra mundial e Paulo Guedes pode não enxergar mais motivos para ficar no cargo”, afirma.