Quais são os possíveis crimes cometidos por quem divulga o ‘jogo do tigrinho’

Foto: Recorte

A Polícia Civil de São Paulo iniciou na segunda-feira (17) uma operação contra a divulgação de jogos de azar nas redes sociais, focando em uma influenciadora digital de São José dos Campos. Larissa Rozendo Fonseca, de 20 anos, com mais de 300 mil seguidores, é suspeita de ter obtido grandes quantias em dinheiro e ascensão patrimonial meteórica ao promover plataformas de jogos de azar, como o Fortune Tiger, conhecido como ‘jogo do tigrinho’.


O Fortune Tiger é um game de cassino online do tipo caça-níquel, onde os jogadores tentam alinhar três figuras iguais para ganhar dinheiro. Jogos desse tipo, que dependem exclusivamente da sorte, são considerados jogos de azar pela Lei de Contravenções Penais, ao contrário dos sites de apostas regulamentados no país, onde os resultados dependem de eventos reais, como jogos de futebol.

De acordo com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), influenciadores que promovem esses jogos podem ser acusados de diversos crimes, incluindo:

• Crime contra as relações de consumo e contra o consumidor: detenção de dois a cinco anos, ou multa.
• Crime contra a economia popular: detenção de seis meses a dois anos, e multa.
• Propaganda enganosa: detenção de três meses a um ano, e multa.
• Sonegação fiscal: detenção de seis meses a dois anos, e multa.
• Estelionato: reclusão de um a cinco anos, e multa.

O advogado Gabriel Righeti explica que os jogos de azar frequentemente estão ligados ao estelionato, pois influenciadores promovem a ilusão de ganhos fáceis e rápidos, induzindo as pessoas a apostas com chances muito baixas de sucesso. Além do estelionato, a divulgação desses jogos pode incluir crimes contra o consumidor e a economia popular, caracterizando-se como pirâmide financeira.

Diferença entre jogos de azar e casas de apostas

Ao contrário dos jogos de azar, as casas de apostas são permitidas por lei no Brasil, pois não dependem exclusivamente da sorte. Nessas plataformas, os jogadores podem usar estratégias e habilidades para prever resultados, como o placar de uma partida de futebol, com os possíveis ganhos conhecidos antes da aposta. Em jogos de azar, não há previsibilidade, e os resultados dependem totalmente da sorte.

“Os jogos de azar não têm qualquer grau de previsibilidade e dependem totalmente da sorte. As apostas, principalmente aquelas esportivas e de quota fixa, se diferenciam disso pois envolvem certo grau de previsibilidade e transparência, podendo as habilidades ou domínios próprios do indivíduo influenciarem no resultado final. Por isso, as casas de apostas são regulamentadas, enquanto os jogos de azar persistem com natureza de contravenção penal”, explica Righeti.

Impacto psicológico e financeiro

A Polícia Civil destaca que influenciadores como Larissa enriquecem às custas dos seguidores que perdem dinheiro nos jogos de azar. Durante a investigação, constatou-se que as contas dos influenciadores nas plataformas de cassino são “demo”, ou seja, criadas apenas para demonstrar ao público como jogar e ganhar, com ganhos irreais e fictícios. Isso engana os seguidores, que ao verem os influenciadores ostentando luxo, começam a jogar e perdem dinheiro.

“Os ganhos dos influenciadores variam por vários critérios entre recebimento mensal, por cadastramento de participantes e porcentagem nas perdas dos jogadores/apostadores”, completa o Deic.

Além disso, a Polícia Civil cita numerosos casos de prejuízo financeiro e psicológico entre pessoas que perderam dinheiro após conhecerem os jogos de azar por meio dos influenciadores digitais. A operação busca mitigar os impactos negativos causados pela promoção desses jogos e proteger os consumidores de práticas enganosas.

Fonte: G1

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