A queda do império de Eike Batista, e agora Sérgio Cabral?

E agora, Eike e Cabral?/Foto: FolhaPress

Nos últimos dois anos, o empresário Eike Batista ocupou-se de tentativas frustradas de criar novos negócios que pudessem recolocá-lo na lista de bilionários. Há cinco anos, ele estava entre os sete homens mais ricos do mundo, com um patrimônio de US$ 34,5 bilhões, e projetava ser o primeiro, assim que acumulasse US$ 100 bilhões. Aos que se espantavam, ele costumava dizer, acompanhado de um sorriso maroto: “Estou com sorte, o que eu posso fazer”. O tempo de bonança, porém, virou e a fortuna de Eike se esfacelou.
O empreendedor-modelo do Brasil viu seus negócios desaparecerem, um a um, como num efeito dominó. Mas ele tentou retornar aos holofotes com estranhas e diversificadas apostas, que iam da área de clonagem de animais e produção de um Viagra genérico, que se dissolve embaixo da língua, à exportação de biomassa de cana-de-açúcar para a Europa. Nada vingou. Sua última e revolucionária tentativa é o creme dental Elysium, criado a partir da hidroxiapatita, um mineral rico em cálcio.


E agora, Eike e Cabral?/Foto: FolhaPress

O principal diferencial é que a nova empresa de Eike, a Clean World Technologies, teria encontrado a fórmula que barateia o custo da matéria-prima. Sua promessa é conseguir produzir por US$ 2 a mesma quantidade que o mundo gasta US$ 20 mil. A comercialização deveria começar neste primeiro semestre, mas o empresário terá um problema mais urgente a resolver: defender-se das acusações da Operação Lava Jato de lavagem de dinheiro e ocultação de recursos no exterior. Na quinta-feira 26, a Polícia Federal deflagrou a operação Eficiência, que tinha Eike como principal alvo.

Ele é acusado de ser o operador intelectual e de esconder US$ 16,5 milhões em propinas repassadas ao governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) no exterior. O dinheiro teria passado pela conta do empresário no Panamá antes de ir para o Uruguai. Segundo os procuradores, a organização criminosa liderada por Cabral teria movimentado US$ 100 milhões, sendo US$ 39,7 milhões entre 2014 e 2015. Com um mandado de prisão preventiva expedido contra Eike, os investigadores foram até a casa do empresário, no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro, mas descobriram que ele tinha viajado, dois dias antes.

Do aeroporto do Galeão, Eike ocupou um assento na classe executiva do vôo 974 da American Airlines com destino a Nova York, onde teria reuniões de negócios. O passaporte alemão, supostamente usado pelo empresário para deixar o País, é motivo de controvérsia. As autoridades investigam se houve vazamento da operação que facilitaram a fuga de Eike. Seus advogados, porém, disseram que ele não tentou escapar das autoridades e que ele voltaria ao País para colaborar com a Justiça (até o fechamento desta edição, isso não tinha ocorrido). “O que pesa contra ele são os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, o que comporta, sim, a prisão”, diz Bruno Giusto, sócio da área penal do Siqueira Castro Advogados.

“Por ser uma pessoa pública conhecida, ele deveria evitar a situação vexatória de uma prisão internacional.” Considerado foragido, o nome de Eike Batista entrou na lista vermelha da Interpol, com alerta em quase 200 países. Assim que se entregar às autoridades ou for capturado, o empresário, que não possui diploma universitário, poderá aguardar o julgamento em uma cela comum em um dos presídios do Rio de Janeiro, o Bangu 10. Esse mesmo desfecho poderia ter acontecido há alguns anos, se os direitos dos acionistas minoritários fossem preservados no Brasil. Eike responde por quase duas dezenas de processos administrativos na Comissão de Valores Mobiliários.

Há desde manipulação do mercado de capitais a uso de informação privilegiada. Assim como o presidente dos EUA, Donald Trump, Eike era um assíduo usuário do Twitter, que muitas vezes era o primeiro destino de notícias ligadas às empresas do Grupo EBX, que formavam o Império X (acompanhe a atual situação delas no quadro abaixo). A petroleira OGX é um caso clássico. O empresário fazia festa a cada poço perfurado, mesmo que as chances de encontrar e extrair petróleo fossem mínimas. Era como se pedisse para que os pequenos acionistas comprassem ações enquanto ele vendia as dele. Aquele que um dia foi chamado de “Midas”, como o Deus grego que transforma o que toca em ouro, virou latão.(Terra/IstoÉ)

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