
“Na convenção das Organização Internacional do Trabalho (OIT), não tem nenhum item que diz que as negociações entre patrão e empregado tem que passar pelo Congresso Nacional e nem ser votado por quem não conhece de relação de trabalho” Valdemir Santana
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e da Central Única dos Trabalhadores no Amazonas, Valdemir Santana, parlamentares que não tem ‘intimidade nenhuma’ com o mundo do trabalho, que em muitos casos sequer tiveram carteira de trabalho registrada em alguma empresa, não deveriam estar à frente das discussões sobre o fim da Escala 6×1 e muito menos defender a permanência de horários estafantes aos trabalhadores.
Disse isso referindo-se ao assunto do momento: a discussão da PEC contra a Escala de Trabalho 6×1, defendida pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que demorou para alguns parlamentares entenderem o que se passava às suas voltas.
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“A pressão popular fez alguns parlamentares entenderem o que significa a palavra trabalho“, aponta Valdemir, principalmente porque a escala de trabalho de um deputado federal é de 3×4 (três dias trabalhando e quatro folgando). Ontem (12), atingiu o número mínimo de assinaturas a favor do fim da escala 6×1 na Câmara Federal.
Contudo, continua Santana, não são só os deputados do estado do Amazonas, mas de todo o Brasil, que estão querendo legalizar o trabalho escravo no Brasil. O Ministério do Trabalho fez inúmeras fiscalizações, principalmente no Nordeste, Minas Gerais, Goiás, com flagrantes deploráveis de trabalho escravo e os parlamentares sequer se manifestaram sobre o assunto”, destaca Santana.
Único da América do Sul
As alegações de Valdemir Santana são de que fatos como este, comprovam a imparcialidade e até a conivência dos congressistas sobre a exploração desumana da mão de obra no Brasil.
Valdemir lamenta que parlamentares brasileiros, que demonstram não ter conhecimento nenhum do mundo do trabalho, também não perceberam que o Brasil ainda é o único país da América do Sul que ainda tem carga horária de 44 horas semanais. Os restantes dos países mantêm 40 horas semanais de trabalho.
Prejuízo para o Brasil
Santana chama a atenção dos deputados do Amazonas a se informarem sobre as “atividades repetitivas”, altamente prejudiciais aos trabalhadores, às empresas e aos cofres públicos da saúde em todos os estados do Brasil.
A tão questionada escala de trabalho 6×1, segundo ele, é um exemplo de exaustão, que termina por deixar o trabalhador doente, com queda de rendimento e mais pessoas nas filas dos hospitais públicos.
Conforme disse, o Brasil é um país filiado à Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece regras definidas de negociação entre patrão e o empregado, com a condução dos Sindicatos, Federações e Centrais Sindicais. “Na convenção internacional da OIT não tem nenhum item que diz que as negociações entre patrão e empregado tem que passar pelo Congresso Nacional”, dispara.
O Brasil está entre os países com a mão de obra mais barata do mundo, mais ou menos ao nível da Índia, Vietnã, Tailândia, Indonésia, Camboja. “O que os parlamentares deveriam decidir, no caso, seria a redução da jornada de trabalho para 44 horas semanais, que iria contribuir com a geração de 8 milhões de novos empregos. Essa é a realidade brasileira, que eles deveriam compreender e deixar de ‘lacrar’ com assuntos que não conhecem”, finalizou Valdemir Santana.