

A mente humana é uma cápsula de tempo em que informações são a todo instante acopladas na forma de memórias a formar um espaço interior onde os elementos extraídos do ambiente são transformados em sequências de abstrações para compor o que chamamos de realidade, do que é possível ser identificado no habitat ao qual integram a interação do indivíduo com o meio.
As pessoas por sua vez estão presas dentro desta intercessão cognitiva que é geradora de projeções do ambiente na porção interna conhecida como intelecto.
Estas projeções internas servem para transmitir à nossa mente, quais as funções vitais ativas que os indivíduos possuem naquele instante de consciência cuja discricionariedade das pessoas faz exercer livremente a sua vontade. A liberação do espaço interior na forma de necessidades e desejos parte de uma manifestação sensorial que foi possível ser captada do ambiente onde perpetua por sobre algumas extensões do corpo em que se apresentam, de forma ativa, a espera que nosso processo volitivo incorpore aos desdobramentos de informações uma reação planejada em frente ao que está disponível trabalhar psiquicamente no instante em que o indivíduo é alvo do despertar de uma atenção e foco prolongados.
O encapsulamento psíquico protege o organismo biológico da manifestação de sensações não validadas pelo indivíduo. Mas em contrapartida a consequência lógica para se evitar o desgaste de abastecer a mente de experiências desagradáveis ou nocivas ao ser humano é uma habilidade do indivíduo em criar uma resistência neural a tudo o que é novo e fazer destas percepções um incentivo para uma motivação da mudança de atitude que induza novas formas de interação com o habitat e outros seres que dele venham a compartilhar um espaço geográfico.
O equilíbrio dinâmico cerebral (homeostase) é a consequência deste mecanismo de somatização para a fabricação de uma interface sensorial neural para um organismo biológico.
Será realmente que precisamos perceber 100% de toda a informação que nos chegam até o intelecto? Ou uma fração reduzida de tudo o que absorvemos já é suficiente para que nossa vontade direcione aqueles aspectos mais nobres que desejamos ou despertamos o interesse em desenvolver nossas habilidades e reflexões do pensamento que derivará nossas atitudes?
A esta capacidade restrita de perceber na forma de integralização de conceitos em nossa mente na formação da realidade que transformamos em entes abstratos já é suficientemente abrangente para dar ao ser humano a sensação de exercer o seu livre arbítrio, uma vez que mesmo em escala reduzida, as aferências cristalizadas na forma de estímulos vindos do ambiente para o interior do cérebro humano permitem escolher sobre o cenário artificialmente gerado no intelecto entre múltiplos estágios e funções motoras de resposta que melhor nos adequamos.
Esta medida restritiva do cérebro em deixar fluir para dentro de si as informações menos conflitantes com o indivíduo Freud classificou como um componente egoico chamado de ego, onde é a cristalização de uma percepção em que se baseia um ponto de equilíbrio interno em que o organismo biológico se habitua em repetir estados de integração todas as vezes que uma quantidade de energia é canalizada para aquele ponto específico.
Então seria mesmo esta resistência em privar a integralização do conhecimento do meio uma vantagem para a espécie? Que quantidades energéticas precisariam os seres vivos se fosse realmente utilizado todo o potencial do organismo em integrar informações extraídas do ambiente? O organismo biológico estaria preparado para uma superatividade de intensas captações do meio que faz parte?
O certo é que a limitação do próprio organismo biológico faz com que ele se desenvolva dentro da capacidade que melhor se ajusta a um sistema de controle sobre o ambiente de acordo com que as evidências condicionem ao poder de decisão e escolha reativa dos indivíduos a fim de perpetuarem seu ciclo vital.
A resistência na absorção do ambiente é em maior ou menor grau uma vantagem e uma desvantagem. Na primeira por ser um agente dinamizador que poupa recursos vitais; como desvantagem, por viciar o intelecto humano em recorrências de estímulos que quando subutilizados são geradores de estados de tensão, sofrimento e angústia.
(Glosário)
Volição: processo cognitivo em que o indivíduo realiza sua vontade de expressão.
Cognição: são os processos em que um indivíduo utiliza em sua mente para a geração de pensamentos e respostas para serem expressas no ambiente.
Somatização: processo cognitivo que une informações extraídas do ambiente gerando um contexto mais amplo formador de uma realidade.
Discricionariedade: ato de escolha entre múltiplas opções para uma tomada de decisão que venha a repercutir numa ação individual como uma resposta para se fazer algo.
Aferência: trajeto que um estímulo ao ser acessado por um dos sentidos humanos percorre até chegar ao cérebro.
Mente: espaço interno que as funções cognitivas são previamente desencadeadas na forma de reações planejadas pelo indivíduo.
Intelecto: espaço interno em que a mente é projetada.
Consciência: conjunto de aferências ativas num determinado momento.
Freud: pai da psicanálise. (Max Diniz Cruzeiro – Neurocientista Clínico – Psicopedagogo Clínico)