Roraima está em alerta após criança venezuelana ser internada com difteria

Criança está na área de isolamento para evitar transmissão da doença/Foto: Hione Nunes

A confirmação do diagnóstico positivo de difteria em uma criança venezuelana que está internada no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), em Boa Vista, trouxe vários questionamentos sobre a doença. Apesar de pouco conhecida, a difteria é altamente contagiosa e, se não tratada corretamente, pode levar à morte.


Segundo a médica infectologista Cassandra Mangabeira, a doença é causada por uma bactéria que se aloja nas amídalas, faringe, laringe e nariz. “É uma doença transmissível aguda e infecciosa causada por um bacilo toxigênico. A manifestação clínica típica é a presença de placas que ficam aderentes e se instalam nas amídalas e podem passar para órgãos vizinhos”, explicou.

A doença já era considerada erradicada no Brasil, mas voltou a assustar após a confirmação de oito casos no estado de Pernambuco em 2015. Em Roraima, o último caso de difteria foi registrado no ano 2000, no município de Mucajaí, região centro-sul do Estado, que resultou em um óbito.

“A doença se manifesta por comprometimento do estado geral do paciente, que tem sintomas de palidez, dor na garganta e febre. Existem casos mais graves com aumento intenso do pescoço, que é conhecido como pescoço taurino. Isso compromete as glândulas linfáticas e causa inchaço das cadeias cervicais e submandibulares”, explicou a médica.

Em dezembro do ano passado, a Prefeitura de Boa Vista, por meio da Superintendência Municipal de Vigilância em Saúde, emitiu alerta sobre a difteria por conta da proximidade de Roraima com a Venezuela, ao norte do Estado, e devido à crescente migração em massa. O país vizinho está registrando vários casos da doença.

Criança está na área de isolamento para evitar transmissão da doença/Foto: Hione Nunes

Conforme a especialista, há rumores de casos de difteria na Venezuela há pelos menos seis meses. “Ainda fomos pegos de calça curta, sem meios de cultura para exame e sem o soro antidiftérico. Hoje em dia há um movimento contra a vacinação, mas é importante promover a imunização”, destacou.

As vacinas são disponibilizadas em todas as unidades básicas de saúde. O esquema básico de vacinação é feito com três doses da vacina tetravalente DTP+Hib (difteria, tétano, coqueluche e meningite). Para adultos e adolescentes, a vacina é a dT dupla adulto, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses e reforço de dez em dez anos.

TRANSMISSÃO – A infectologista ressaltou que a transmissão da doença se dá de várias formas. “O causador da doença é um bacilo gram-positivo produtor da toxina diftérica e o doente portador assintomático é o reservatório. O modo de transmissão é através do contato direto da pessoa que está doente com uma pessoa suscetível por meio de gotículas de secreção que são eliminadas por tosse, espirro ou ao falar”, frisou.

O tratamento específico é pelo soro antidiftérico, que segundo a médica é uma medida terapêutica de grande valor realizado nas unidades hospitalares com a finalidade de inativar a toxina que circula na corrente sanguínea.

PREFEITURA – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista esclareceu que o Hospital da Criança Santo Antônio seguiu todos os protocolos estabelecidos em situações envolvendo um caso de doença contagiosa. A criança continua no isolamento sendo tratada e apresenta quadro clínico estável. “É importante ressaltar que a criança já recebeu o soro antidiftérico, enviado pelo Instituto Butantã na sexta-feira passada, 14. Ressaltamos que o Ministério da Saúde e o Estado foram notificados, como requer o protocolo”, informou.

Conforme a Prefeitura, o soro antidiftérico é regulado pelo Ministério da Saúde e não há disponibilidade para estoque para todos os municípios. Após a notificação do caso suspeito em Boa Vista, proveniente da Venezuela, o soro foi enviado em menos de 24 horas.

Em relação aos exames, o material necessário para diagnóstico laboratorial fica aos cuidados do Laboratório de Saúde Publica Estadual (Lacen) que o disponibilizou para a coleta e o enviou para o diagnóstico. “Todos os médicos do HCSA são capacitados para o enfrentamento de situações como essa”, pontuou. (L.G.C)

Fonte: Folha Web

 

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