Surto de cólera e guerra agravam crise humanitária no Sudão

Número de pacientes com cólera aumentou muito em agosto no Sudão - Foto: Mohammed Elhassan

O Sudão enfrenta uma grave crise humanitária agravada pelo surto de cólera que se alastra pelo país desde agosto. Com mais de 5 mil casos confirmados e 191 mortes, o surto atingiu de forma severa os estados de Kassala, Gedaref, Rio Nilo, Al Jazirah e Cartum. A situação se torna ainda mais crítica devido ao conflito armado, que tem devastado o sistema de saúde e restringido o acesso da população a cuidados médicos básicos.


O surto de cólera no Sudão, impulsionado pelas intensas chuvas e enchentes, encontra terreno fértil em condições de vida precárias e acampamentos superlotados de deslocados internos e refugiados. O sistema de água e saneamento foi destruído em diversas áreas, ampliando a vulnerabilidade das populações afetadas. Segundo Esperanza Santos, coordenadora de emergência de Médicos Sem Fronteiras (MSF), a combinação de condições deploráveis e a falta de água potável criou um cenário ideal para a propagação da doença.

Equipes de MSF têm atuado em colaboração com o Ministério da Saúde para tentar controlar a situação. Em Cartum, Rio Nilo, Kassala e Gedaref, foram criados centros de tratamento de cólera e pontos de reidratação oral, além de ações para melhorar o acesso a água potável e saneamento. Até o início de setembro, mais de 2.100 pacientes haviam sido tratados pelas equipes de MSF.

Paciente em tratamento de cólera no centro de saúde de MSF em Kassala – Foto: Mohammed Elhassan

A cólera, uma infecção intestinal transmitida por água ou alimentos contaminados, pode ser fatal em poucas horas sem o tratamento adequado. Felizmente, a chave para salvar vidas está na reidratação rápida. Angela Giacomazzi, coordenadora de Recursos Humanos da MSF, relata o caso de um homem que chegou em estado crítico a uma instalação, mas foi salvo a tempo graças à rápida administração de fluidos.

Além dos esforços médicos, MSF faz um apelo urgente por maior apoio internacional. Frank Ross Katambula, coordenador médico da organização, alerta para o risco de escassez de suprimentos essenciais, como kits de cólera, e pede que as autoridades facilitem o envio de medicamentos e insumos para evitar mais mortes.

Com o sistema de saúde já sobrecarregado pelo aumento da desnutrição infantil e pelos feridos de guerra, a resposta humanitária no Sudão é insuficiente. MSF solicita que as partes em conflito garantam acesso irrestrito às equipes médicas e aos suprimentos, de modo a possibilitar uma ação coordenada e eficiente para conter o avanço da cólera e mitigar a crise no país.

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