


Contando, pela primeira vez, com a participação da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), os Trabalhadores da Ambev participaram hoje, quarta-feira (07), de assembleia do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Bebidas em Geral de Manaus (Stibam).
Na ocasião, operadores de máquinas e auxiliares de produção decidiram entrar em estado de greve e aprovaram nova pauta de reivindicação que, a partir de agora, inclui itens nacionais, como a fixação do piso salarial no valor de R$ 1.500 para a admissão de trabalhadores. Um ofício endereçado à empresa será protocolado nesta quinta, com aviso de deflagração de greve. Caso a empresa não se pronuncie até terça (13/5), trabalhadores da Ambev irão cruzar os braços por tempo indeterminado.
Diante do embate com o sindicato, funcionários denunciaram que a empresa chegou a adiantar o horário de trabalho e a pagar táxi e mototáxi para os empregados como tentativa de boicote à assembleia. Gestores da unidade também filmaram o movimento como forma de intimidação aos trabalhadores, que responderam com a aprovação de uma nova pauta de reivindicação para o acordo coletivo de 2014. Entre as principais reivindicações dos cerca de 1 mil trabalhadores da companhia estão: reajuste salarial com aumento real de 10% sobre os salários já reajustados em maio de 2014, remuneração de horas extras com adicional de 100% (segunda a sábado) e de 120% (domingos e feriados), adicional noturno de 50% em relação à hora normal, implantação do programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), adicional de insalubridade e periculosidade.
De acordo com o presidente do Stibam, Vicente de Castro, essa é a terceira proposta que será discutida entre empresa e trabalhadores. A dificuldade de consenso não tem justificativa. “Eu achei esse movimento gratificante e válido. Tenho certeza de que os trabalhadores irão aderir à greve. O apoio da CNTA Afins é muito importante, assim como o das centrais (NCST e Intersindical) presentes. Se não fosse esse tipo de apoio, esse movimento não teria acontecido.”, afirma Vicente.
Para o presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo, a dificuldade local reflete um problema enfrentado por aproximadamente 32 mil trabalhadores da Ambev em todo o Brasil. Desde março, a entidade busca a abertura de negociação em nível nacional com a principal patrocinadora da Copa do Mundo, a qual resiste até o momento.
“Já que nossa presença foi solicitada, a CNTA está aqui para apoiar a decisão dos trabalhadores e do sindicato. Esse tipo de dificuldade já era prevista. Uma vez que a Ambev não negocia em nível nacional, as reivindicações dos trabalhadores não são atendidas e, por isso, acabam ficando revoltados.”