
Não é possível que o crime organizado e o tráfico de drogas que movimentam bilhões de reais só produzam pobres, favelados e presos!
É corrente no noticiário as cifras estratosféricas movimentadas pelo crime organizado e pelo tráfico de drogas no Brasil.
Por absurdo que pareça, toda vez que pegam um “líder” ele está numa favela ou numa cadeia.
Sobra a pergunta: pra onde vai o dinheiro movimentado pelo crime se os criminosos e até deus chefes vivem como favelados ou como presidiários?

O Brasil precisa parar de fingir, de brincar de combater o crime organizado e o tráfico de drogas.
Enquanto o Estado e a sociedade não combaterem os braços “legais” e as figuras socialmente aceitáveis do crime seguiremos enxugando gelo no combate à violência.
A nossa política de segurança e os nossos governantes têm que parar de cinismo. Os chefes do tráfico e do crime organizado, os que se beneficiam financeiramente dessas atividades criminosas já desceram dos morros e saíram das favelas, ou mesmo nunca estiveram por lá, porque seguem impunes frequentando as altas rodas e alguns até as colunas sociais.
Sem um esforço de asfixiar financeiramente o crime combatendo com investigação e inteligência as atividades e os empresários “legais” do tráfico e do crime organizado o Estado seguirá refém dessas organizações.
O problema dos presididos está dentro deles, na absurda desestruturação das unidades prisionais, está em uma cultura punitiva que tudo quer punir com prisão, até os crimes de pequenos potencial e sem violência que poderiam ter penas restritivas de direito e/ou pecuniárias. Mas também está do lado de fora, já que as facções só controlam os presídios porque sobrevirem impunemente e se viabilizam financeiramente aqui do lado de fora.
O Brasil precisa de um força tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, nos moldes da formada para a operação Lava Jato, com o objetivo de desmontar os braços financeiros “legais” do crime organizado e do tráfico de drogas, desbaratar operações empresariais que servem para lavar dinheiro, prender “empresários” que operam para o tráfico, isso sim seria um bom começo.
Certamente isso chegaria em empresários e políticos que hoje parecem acima de qualquer suspeita e que frequentam as altas rodas, talvez por isso falte a decisão política e a coragem para fazer o que precisa ser feito.
Por enquanto, a estratégia da política de segurança é seguir brincando de procurar os chefes nos morros, nas favelas e nos presídios. E o dinheiro? Aonde está?
*Marcelo Ramos e professor e advogado