
Não tenho nada contra o sr. Fabio Schwartsman, presidente da Vale. Ao contrário. Me pareceu, à primeira vista uma pessoa decente e íntegra. Respeito muito os mais idosos do que eu.
Não vou chamá-lo de criminoso, embora a opinião pública esteja cada vez mais convencida de que o que ocorreu em Brumadinho foi um crime e não um desastre.
Dois crimes, aliás: um crime ambiental e uma carnificina sem precedentes na história das barragens brasileiras.
O que posso dizer, neste momento, é que, exatamente por, ao menos, parecer uma pessoa civilizada, o sr. Schwartsman deveria ter pedido para sair assim que tudo aconteceu.
Não porque ele tivesse colaborado diretamente para o acontecimento, claro que não, só se fosse maluco, mas porque tudo aconteceu sob sua presidência e ele foi incapaz de evitar.

Não deu as ordens necessárias ou não implementou políticas que garantissem a segurança da barragem e das pessoas que trabalhavam na usina e nas vizinhanças.
Pedir para sair também vai devolver a confiança aos investidores, que neste momento estão perdendo fortunas com a queda das ações da Vale.
Renunciando ou não à presidência, Schwartsman terá de se haver com a Justiça num embate imprevisível, porque a opinião pública, desta vez, promete ser implacável.
*Alex Solnik é colunista do 247 e membro do Jornalistas pela Democracia