

Não sei como foi com outros militantes, mas minha relação com o camarada jornalista, escritor e advogado Nestor Nascimento começou em 1982, na Universidade Federal do Amazonas.
Eu moleque, Nestor já um militante maduro e calejado. Ele morava com Edson Luiz , no Calabouço (RJ), quando assassinaram o líder estudantil. Mas o alvo era o Negão Nestor.
Apenas para termos uma ideia…Militamos no mesmo núcleo. Nestor me levou para o MOAN – Movimento Alma Negra, primeira organização política do movimento negro no Amazonas. Depois, me levou para outros fóruns do movimento cultural. Em 1988/89, já muito machucado pelas perseguições, humilhações, ameaças e insultos, Nestor adoeceu e foi se curar em São Paulo. Durante o longo tratamento, ficou morando comigo, no pequeno apartamento da Av. Heitor Penteado. Apresentei-lhe uma camarada paulista, com quem teve um filho, meu afilhado emocional.

O AVC que o matou não surgiu de dentro. A tensão que o matou foi provocada, calculada e planejada. Incluiu a autofagia de militantes covardes que atacam os próprios companheiros e poupam o Capital. O desequilíbrio orgânico não surgiu do nada. O poeta revolucionário Agostinho Neto cita o Amazonas em um de seus poemas libertários e o fez em homenagem ao Negão Nestor. Logo após terem se conhecido em um encontro do movimento Pan-Africanismo.
Nestor foi homenageado no Congresso Americano, uma indicação da ONU pelos serviços prestados à humanidade. Um dos poucos comunistas a merecer tal honraria. Mas nem esta homenagem diminuiu a opressão surda e bruta.
Camarada Nestor: PRESENTE!
*José Ribamar Mitoso Escritor é dramaturgo, professor da UFAM e cronista do Correio da Amazônia aos Domingos