A mentira – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Caros leitores, vivemos num país de mentiras onde uns fingem que governam, outros mentem quando dizem que não são fisiológicos, outros vivem o dia da mentira em seus negócios, no seu trabalho, passando sempre uma imagem quando a situação é completamente diferente.


Nosso país começou sobre a égide da mentira, com a proclamação da independência por um português e não por um brasileiro. Brasília é o símbolo de um país de mentira. Os construtores de Brasília, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, eram inspirados numa corrente de arquitetura internacional, liderada por um belga, que acreditava que um projeto seria capaz de mudar a sociedade. Um exemplo disto era a máscara que tanto o Oscar quanto o Lúcio propunham ao Brasil: um país que tenha Brasília como capital nunca vai ser uma ditadura, e vejam 1964. Tudo, mas tudo mesmo na vida humana de hoje está impregnado de mentira. Regimes políticos e profissões, religiões e ciências, artes e literatura, crenças esotéricas e filosofias multifacetadas, nada pôde permanecer livre dela. Vivemos sob o império da mentira.

É como se toda a Terra tivesse sido envolta por um único e denso lodaçal repugnante, que fez submergir sem resistência toda a raça humana juntamente com suas obras de que tanto se orgulha, impedindo qualquer um de chegar à tona por mais que se esforce, e muito menos ainda de voltar a ver com clareza e respirar ar puro. Mentem entre si diuturnamente pais e filhos, professores e alunos, patrões e empregados, governantes e governados.

A mentira é o esteio da vida moderna, a base dos relacionamentos familiares, profissionais e públicos. Muitos dos mentirosos patológicos, não ficam contentes apenas em dizer mentiras. Eles vão um pouco mais além. Transformam suas vidas numa mentira. Em algumas situações, o indivíduo adota uma identidade completamente diferente daquela que realmente possui. Estamos vivenciando neste momento um ex presidente que de tanto mentir que é honesto, acredita piamente que é, quando se sabe que foi um dos arquitetos da grande roubalheira que se praticou nesse país. A mentira é como um arquétipo que baixa em todo canto. Imita-se aquilo que se é. Ao invés da verdade a sua versão. Em todos os escaninhos do cotidiano.

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Nas artes, por exemplo você liga a TV e Roberto Carlos, o cantor, faz um espetáculo – imita Roberto Carlos há 30 anos. Ele não é ele, ele é o que foi. Uma caricatura do que foi. Os mesmos cabelos, o mesmo figurino, as mesmas músicas, o mesmo jeito de pegar o microfone, de cantar, dizer obrigado, jogar flores. Pior, tenta mudar a história: corrige o herege do passado: não cantem mais essa música sacrílega, “que tudo mais vá pro inferno”. Ele precisa mostrar que nunca foi um rebelde; e que é um homem santo, enquadrado, tão fiel à mulher que morreu quanto ao que ele foi. Mentira. E olhem que gosto muito do Roberto. Talvez o povo queira isso: esse show de mentiras. Esse espetáculo com canastrões em tudo que é canto. Inclusive, e principalmente, na política. Talvez goste de Rodrigo Maia, com seu ar de autoridade, seu jeito de autoridade, sua cara de gente de respeito anunciando os aumentos dos deputados – imitando ele próprio. Talvez o povo queira Lula porque ele imita um estadista, um cara de respeito, um sujeito que quando abre a boca só sai coisas que o povo entende – imita um Lula que não existe. Mais importante que o fato é a imagem.

A fome por celebridades – verdadeiras ou forjadas – é tanta que por qualquer coisa as pessoas ficam famosas. É só ver o caso de programas como Big Brother. Quando confinar um monte de gente numa casa e ficar filmando a vida deles vira notícia, a ponto de o canal de TV conseguir vender o programa para assinantes que querem acompanhar aquilo por 24 horas, é porque tem algo muito errado com os espectadores, ou seja, o gosto pela mentira. E o pior é que se você não vê o Big Brother e não acompanha a novela da Globo, acaba sem assunto nas reuniões sociais. Fica por fora. Esqueçam, este artigo é uma mentira.

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