
Na tarde da segunda-feira (6) em que seria definida a permanência ou não no cargo do titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, um recado foi dado ao chefe do Executivo: o de que o Congresso Nacional não receberia bem a demissão. Com isso, Mandetta sai muito mais fortalecido e com uma base de apoio maior que do início da pandemia do coronavírus no Brasil.
A permanência de Mandetta foi defendida por justificativas técnicas. A maior parte dos parlamentares entende que o ministro tem adotado os melhores procedimentos para o combate à pandemia de coronavírus. Mas há também o componente político. Mas, também, mostra o tamanho que o presidente Bolsonaro ocupa hoje no governo.
Mandetta é filiado ao DEM, o mesmo partido do presidente do Senado Davi Alcolumbre e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e de dois outros ministros: Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Cidadania). Além disso, ele foi deputado federal por dois mandatos, o que o aproxima de grande parte dos parlamentares.
Em sua defesa, não saíram apenas integrantes de seu campo ideológico. Mandetta recebeu suporte de políticos de diferentes vertentes e colocou no mesmo lado congressistas de quem raramente se esperaria uma aliança.
Embora a indicação e a demissão de um ministro sejam decisões exclusivas do presidente da República, o suporte do Congresso Nacional para este tipo de medida é positivo e pode mudar os rumos das decisões do presidente, principalmente, nesse momento de pandemia onde ele diverge de tudo e de todos.
E Alcolumbre indicou que os deputados e senadores condenariam a postura de Bolsonaro, o que poderia comprometer ainda mais a já delicada relação entre Legislativo e Executivo.
A canetada falhou
Bolsonaro esteve com a caneta na mão, pronto para assinar a demissão de Mandetta, mas não suportou a pressão dos presidentes do Congresso, ministros, deputados e a comunidade nacional da Saúde.
Forte reação da cúpula do Congresso, do STF (Supremo Tribunal Federal) e a influência dos militares do governo, foram capazes de fazê-lo mudar de ideia, de colocar o presidente no lugar que ele está hoje, o de rainha da Inglaterra.
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