
Como acontece em todo o país, os gastos abusivos fazem a campanha eleitoral ganhar fôlego, numa afronta às restrições da Justiça Eleitoral que limitaram os valores para os gastos e contratação de pessoal para a campanha, conforme previsto na Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97).
O descumprimento das regras pode levar a punições que variam desde o pagamento de multa até a cassação de candidatura, dependendo da gravidade da infração. Como em Novo Airão (AM) tudo pode, as transgressões ultrapassam os limites do tolerável, como o registro de candidatos que já entraram em escolas públicas para pedir voto e coligações que armam palanque na frente de instituições de ensino superior, numa mostra de completo descompromisso com a educação.

O pesado investimento nas carreatas já extrapolou o teto de gastos estipulado para a eleição municipal de outubro. A falta de organização nesses eventos tem favorecido ao abuso do álcool e das drogas, além de candidatos e pessoas em carrocerias de caminhonetes, veículos superlotados com pessoas penduradas em portas de carros e do vai e vem de motoqueiros irresponsáveis que colocam em risco a vida dos demais participantes.
A falta de proposta séria de governo impõe a aplicação da tática do populismo e a fixação da mentira a uma sociedade desmotivada pela crise, sem esperança de emprego e de renda, e que sabe que a eleição de político com passado suspeito poderá comprometer ainda mais o futuro do município.
Gastos abusivos de campanha são a porteira da corrupção. Durante a fase da pré-campanha, vários mecanismos foram utilizados pelos prováreis prefeituráveis para despertar o interesse do eleitor mais distante da sede municipal.

Nesse sentido, o vereador Kleber Bechara (Rede) optou pela tentadora boca livre, que lotava embarcações com convidados para acompanhá-lo em suas visitas às comunidades. Já na campanha, ao contrário de Kleber, Ivo Almeida (PMDB), Everaldo e Daílson Correa (PRP), que fazem uma campanha mais modesta, o candidato José Baliza (PPS) vem impressionando o eleitorado com a insistente queima de fogos, a presença de muitos carros de convidados de Manaus e a presença de motoqueiros atraídos pela doação de combustível.
O candidato “sub judice” Wilton Pereira dos Santos (PSDB) tenta contradizer sua condição de inelegível, chamando a atenção do público através do método do culto à personalidade.
Temida pelos seus concorrentes, a prefeita Lindinalva Ferreira (PP) cumpre uma agenda discreta que tem deixado seus adversários em polvorosa. Seu vice, o médico Miguel Carrate (PV), é o grande responsável pela adesão do povo à reeleição da prefeita, como ele mesmo atesta pelo comparecimento espontâneo de pessoas a cada evento da candidata.
No tabuleiro do jogo eleitoral, percebe-se que os candidatos têm mostrado disposição para fazer frente ao único candidato punido por improbidade administrativa, o insistente tucano Wilton Santos, que recentemente foi beneficiado inexplicavelmente pela Justiça e, mesmo que temporário, vai concorrer, podendo influenciar na decisão do povo.
Portanto, a situação de Novo Airão é delicada, porque ainda não se pode medir o nível de rejeição aos candidatos e nem como ficará a média de votos nulos e de abstenções. Pela leitura atual do momento de decisão popular, nem todos os concorrentes representam a mudança pretendida, porque não conseguiram apresentar algum tipo de propostas moldados nos interesses do povo.
Cabe ressaltar que esses mesmos candidatos confirmam que o grito de alerta da sociedade é pela mudança, por algo novo, e, principalmente, manter o candidato “elegível até este momento” longe dos cofres públicos.
Bem, será o eleitor quem decidirá o futuro de Novo Airão no dia 2 de outubro.

* Garcia Neto é professor e jornalista