Acomodamento(Por Flávio Lauria)

O Brasil enfrenta tantos problemas todos os dias, tantos dramas econômicos, sociais, de corrupção, que talvez seja a hora de nos perguntarmos por que temos tantos problemas. Qual será o problema do problema que deixa o país na situação de perplexidade e sem reação? Uma das consequências, pode ser o acomodamento da juventude brasileira, que assiste a tudo passivamente.


Mesmo com essas manifestações contra e pró impeachment,  percebe-se nela imenso sentimento de descrença, de ausência de motivos para lutar por uma vida melhor e, quem sabe, por uma vida mais decente no comportamento dos homens públicos. Os jovens parecem decepcionados, sem rumo e sem vontade de mudar as coisas, num país onde há tanto por fazer.

Temos esses esquisitos, desmoralizados políticos e empresários. Os velhíssimos apagões rodoviários provocados por calamitosas rodovias que prejudicam a economia, lesam a sociedade e todos os anos matam nada menos que 50 mil pessoas, impunemente. A elite governamental brasileira é mal administrada, mesmo porque a gestão pública subordina-se ao Poder Político. E sabemos e presenciamos a cada dia, a péssima qualidade das elites políticas. Basta o leitor se debruçar na desorganização do transporte aéreo, na precariedade da saúde e na deficiência dos órgãos de segurança. Hoje em um curso de Administração Pública tanto na graduação como na especialização, os jovens aprendem uma teoria totalmente distante da realidade da gestão efetiva.

No Brasil, o governo não responsabiliza ninguém e, possivelmente, venha desse procedimento o sentimento que prevalece entre os jovens e que, de forma resumida, traduz o que todos pensam: “Não tenho nada com isso”. Ora, além desses problemas nacionalmente reconhecidos e diariamente apontados pela imprensa, temos o apagão das multidões que, duas vezes ao dia, de forma absolutamente desrespeitosa, passam horas esperando pelos ônibus urbanos nas grandes cidades. Como esse padecimento não sai nos noticiários, foi incorporado ao drama de se viver numa cidade grande.

A falta de compromisso com políticas sociais é um discurso de quase meio século, mas que se torna atualíssimo. A busca da educação com qualidade, da saúde com respeito ao cidadão e da segurança é algo que não se esgota facilmente. A história sempre se repete, pois tem-se a consciência que um governante quer o melhor para o seu povo e, se não consegue, cria um hiato que só a história memoriza e perpetua. O povo e os jovens principalmente e infelizmente esquecem.

Na plataforma político-eleitoral do homem público, sempre destaca-se o batido trinômio-educação, saúde e segurança. Suponho que a educação tenha esse condão. Obviamente, educador somos todos nós: governantes, políticos, magistrados, legisladores, jornalistas, família, religiosos, professores e até uma criança de cinco anos. Já está na hora de privilegiar a competência, a seriedade e a ética. Iniciemos, portanto, pela educação da classe política. É um excelente começo.(Flávio Lauria – Professor Universitário e Consultor de Empresas – [email protected])

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