Após tentar assaltar idoso morador de rua leva tiro e causa tumulto no Prontocord

Foto: Divulgação

Annie Martins, professora universitária, disse que um morador de rua não identificado “chegou na frente do hospital pedindo ajuda e todos que estavam lá só olhavam. Resolvi interceder por ele, fui até a recepção e fui recebida por um médico que disse que não iria perder o tempo dele atendendo um vagabundo. Fiquei indignada!”.


Uma pessoa que reside no prédio ao lado do hospital, que pediu para não se identificada, disse que estava no local quando viu o morador de rua correndo descendo o Boulevard Álvaro Maia, sendo perseguido por populares.

Segundo disseram à testemunha, o morador de rua tentou assaltar um idoso nas proximidades do Cemitério São João Batista, quando um veículo de cor branca (não identificado) se aproximou e disparou um tiro contra o mesmo, que ao ser atingido, correu em direção ao Prontocord, sendo impedido de entrar no hospital por algumas pessoas que o perseguiam, os quais, também o agrediram, mas ao chegar o carro da polícia, os agressores se evadiram do local, deixando o menor jogado no chão nas proximidades do Prontocord.

A professora Annie Martins, militante dos direitos humanos, tentando ajudar o rapaz ferido, de fato, entrou no Prontocord exigindo a presença de um médico na parte exterior do hospital para socorrer a vítima.

Foto: Divulgação

A reportagem averiguou e apurou que Annie Martins encontrou o único médico de plantão na urgência e o mesmo lhe informou que a vítima deveria ser conduzida até a urgência do hospital para ser atendida, tendo em vista que nenhum médico pode abandonar seu plantão, sob pena de responder perante o Conselho de Ética do CRM. Mas Annie ficou revoltada e começou a gritar dentro do hospital, parando apenas quando o morador de rua começou a ser atendido, depois de ser levado para dentro da unidade hospitalar.

Os artigos 7° ao 9°, do Código de Ética Médica (RESOLUÇÃO CFM Nº1931/2009):

CAPÍTULO III

RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL

É vedado ao médico:

Art. 7º Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes, mesmo respaldado por decisão majoritária da categoria.

Art. 8º Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem deixar outro médico encarregado do atendimento de seus pacientes internados ou em estado grave.

Art. 9º Deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem a presença de substituto, salvo por justo impedimento.

“Estava jantando quando escutei uma gritaria na recepção. Ao chegar lá vi o garoto ensanguentado caído no chão. Ele estava sendo puxado para fora do hospital e espancado por pessoas que o acusavam de ter assaltado um idoso. Chamamos a polícia e o Samu. Eu voltei para dentro. Fui atender outras pessoas”, conta o médico plantonista.

Segundo ele, nesse meio tempo, enquanto ele atendia uma paciente, um aglomerado de pessoas se formou na frente do hospital exigindo que ele atendesse o jovem baleado.

“Estava um ambiente perigoso lá fora. Os parceiros do garoto estavam todos lá. Fiquei receoso, não sabia se tinha algum armado. Falei com a ouvidoria do Conselho Regional de Medicina e eu tinha respaldo de não atender o garoto naquelas condições. Em caso de risco de vida, eu posso me recusar a atender alguém”, comentou o médico.

De acordo com ele, uma “moça agressiva” entrou no hospital e começou a discutir com ele na frente da UTI, ordenando o atendimento imediato do jovem alvejado.

A reportagem também foi informada que, além da professora Annie Martins, outros populares estavam acompanhando a situação da vítima caída no chão, inclusive, policiais. Pelo que tudo indica, a omissão de socorro, se de fato houve, não foi por parte do médico que estava impedido de abandonar seu plantão, mas das pessoas que não levaram imediatamente a vítima para dentro do hospital, tanto que, após o mesmo ser levado, o médico de plantão procedeu com o atendimento de urgência, estabilizando a vítima para ser levado até o Pronto Socorro 28 de Agosto pelo SAMU.

O médico responsável pelo atendimento ao morador de rua disse que irá processar a professora universitária por calúnia, difamação, injúria e danos morais, para isso, já constituiu advogado para adotar as medidas legais cabíveis.

A direção da Unimed, que encampou a unidade Prontocord, também negou a omissão

A Unimed informa que não houve omissão de socorro na sua unidade Prontocord em relação ao paciente em questão. “Os enfermeiros fizeram os procedimentos de estabilização e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel Urgência (Samu), para removê-lo à unidade apropriada, um pronto-socorro mais próximo, para recebê-lo”, disse em nota.

Conforme a Unimed, o Prontocord é um hospital referência em cardiologia e de atendimento de algumas especialidades, por isso foi realizada a solicitação ao Samu para encaminhamento ao Pronto-Socorro 28 de Agosto.

“As medidas adotadas seguem as orientações nacionais, aos casos de emergência em hospitais que não são unidades de pronto-socorro, que é estabilizar o paciente e encaminhar para a unidade mais apropriada”, afirma trecho da nota.

Fonte: Portal OLM

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