As urnas falarão em agosto – Por Paulo Figueiredo

Advogado Paulo Figueiredo (AM)

Em 2014, ao disputar o pleito para o governo do Estado com José Melo, Eduardo Braga inaugurou a campanha com números bem favoráveis. Chegou a colocar algo em torno de 40 pontos percentuais sobre Melo, mas terminou perdendo a eleição. A diferença em favor de Braga mostrava-se tão elevada, que Melo admitiu desistir da candidatura, em determinado momento da disputa.
Demovido por assessores e apoiadores próximos, foi mantido o projeto e intensificada a campanha. José Melo começou a ascender nas pesquisas, enquanto Braga definhava, descia a ladeira. Com a evolução dos fatos, verificou-se tendência de alta de Melo e queda de Braga, revelando-se inexorável nos episódios finais das eleições.


No fechamento do processo eleitoral, confirmou-se o que a equipe de Melo esperava, com a derrota de Braga, contra boa parte das expectativas, previsões de analistas e pesquisas de opinião. Se lá atrás, partindo em condições tão vantajosas, Eduardo Braga perdeu as eleições, imagine-se agora, quando o senador sai em campanha já desidratado. É o que observa um especialista em eleições regionais, destacando que Braga já concorre cabeça a cabeça com seus adversários. Dá-se o contrário do que aconteceu em 2014, ainda que o senador disponha de presença maci&ccedi l;a e permanente nos meios de comunicação.

Na mais recente investigação da empresa Pesquisa365, dada a público, aparecem em estreito empate técnico os candidatos Amazonino Mendes, Marcelo Ramos e Eduardo Braga, com números que giram em torno de  18,5% a 22,7%. Há indicações de que Braga caiu bastante nas preferências dos eleitores, por efeito de investigações que apuram seu envolvimento na Lava-Jato, verificado em delações de executivos e ex-dirigentes da JBS, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. É a eleição sob os influxos da Operação de Curitiba, cuja dimensão temos avaliado. Em tal posiç ;ão, de extremo risco e pesada vulnerabilidade, Braga entra em campanha sem dispor de números que lhe permitam aguentar reveses futuros, naturais em qualquer disputa eleitoral. Em linguagem de marqueteiro, mais magro do que nunca, sem gordura para queimar ao longo da disputa.

Na capital, pelo menos até o momento, ninguém conhece a opção do prefeito Arthur Neto por uma das candidaturas postas em jogo no tabuleiro da sucessão. Especula-se que vem concertando composições políticas sob exclusivo interesse pessoal. No entanto, em que pese o uso da máquina, o apoio de Neto pode representar um ônus, considerado o desgaste da administração municipal. Admite-se, por outro lado, que o prefeito ficará vendo a banda passar, sem ter ingerência no pleito, embora tal procedimento não se coadune com sua irrequieta personalidade.

No interior, Eduardo Braga tem inserção razoável, afinal está na ‘arena’ há anos, sem dar margem a outras interpretações, e foi governador do Estado. Mas há quem reclame dos tempos em que comandou o Amazonas, quando deferências urbanas mínimas eram negadas a lideranças da hinterlândia. De qualquer sorte, como relator do orçamento da República, tem-se informações de que teria alocado recursos financeiros a vários municípios, fato que poderia facilitar a vida do candidato, ainda que sujeitos a processos complexos e demorados de liberação. Aposta-se que nada se resolva até o encerramento da curta campanha eleitoral, onde pesará muito mais as lembranças do bem tratar e do bem receber do que qualquer outro evento transitório, ainda que importante no atual quadro de crise.

De todos os candidatos com reais potencialidades, uma vez que modesta a presença de Marcelo Ramos, é Amazonino Mendes quem tem o melhor e mais eficiente ‘recall’ junto aos políticos e demais líderes locais na imensidão do interior. Quem testemunhou ou participou de suas ações como governante, dele guarda boa imagem e a memória de um tratamento civilizado, quando não generoso.

No conjunto, Amazonino precisa vencer os óbices típicos de sua própria idade, conquanto mostre-se com saúde e lucidez para o enfrentamento da batalha eleitoral e para o exercício do governo. O poder, em expectativa ou quando conquistado, implica em notável injeção de adrenalina, fantástica disposição, energia e vigor que permitirão vencer todo e qualquer obstáculo, por mais ingente e desafiador que seja, em momento delicado e difícil da vida do Estado.

Falarão de tudo as urnas em agosto. Que a escolha premie o espírito público, nele inseridas as mais justas aspirações do Amazonas e de sua gente.(Paulo Figueiredo é Advogado, Escritor e Comentarista Político – [email protected])

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