
“Impossível ter feito isto sem ter a ajuda de alguém de dentro.” A frase é repetida por funcionários, investigadores da Polícia Federal e policiais militares que atenderam à ocorrência do roubo no aeroporto de Viracopos na semana passada, em que 4 milhões de dólares, R$ 3,4 milhões de reais e 1.300 libras esterlinas, um total de R$16 milhões que pertenciam a um banco especializado em operações de câmbio, foram levados por um grupo de assaltantes.
Mais de 30 pessoas já foram ouvidas pela Polícia Federal, entre elas funcionários do aeroporto. Os investigadores também suspeitam que o roubo tenha começado ainda no aeroporto de Guarulhos, local onde os malotes com o dinheiro foram carregados no avião, um cargueiro de uma empresa aérea alemã.
Mas a PF não dá detalhes oficiais sobre o andamento das investigações, que correm em sigilo, mas movimentam a Delegacia da Polícia Federal em Campinas, interior de São Paulo. A unidade recebeu reforços da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo e um delegado da Polícia Civil também passou a integrar a equipe responsável por investigar o roubo.
Segundo a especialista em segurança pública Marcelle Figueira, é natural que a polícia trate com sigilo o caso. “Em ações deste porte, em que a participação de pessoas próximas da operação, seja da logística ou da segurança, são consideradas suspeitas. Este é o procedimento correto”, diz Marcelle.
Mesmo com sigilo, o R7 apurou que os investigadores do caso já reuniram dezenas de câmeras, das mais de mil existentes no aeroporto, e que registraram o trajeto e a ação, algumas com riqueza de detalhes e boa qualidade. A ausência de digitais e a tranquilidade com que os assaltantes agiram também chamam a atenção de quem trabalha no caso, considerado uma ação profissional.
Entre os funcionários do aeroporto, a ação gerou clima de insegurança e queixas de que a região, por ser uma área restrita aeroportuária, não tem atenção das forças de segurança. O local do roubo fica a menos de 500 metros de postos da Polícia Civil, da Polícia Militar e da própria Polícia Federal.

Especialistas são unânimes em reconhecer que pouco poderia ser feito para coibir o assalto. “É uma ação fora da curva, que, sem uma denúncia, fica quase impossível que forças de segurança públicas ou privadas pudessem coibir”, afirma Marcelle Figueira.
A sofisticação que chama atenção do público em geral, que considera o roubo uma ação cinematográfica, cuja referência mais óbvia é a série espanhola “Casa de Papel” e o meticuloso plano para assaltar a Casa da Moeda da Espanha, não ganha respaldo dos investigadores, já que muitas das estratégias dos ladrões já foram utilizadas em outros assaltos pelo país.
A clonagem dos veículos de segurança usados pelo aeroporto, por exemplo, foi uma repetição de uma ação utilizada na tentativa de assalto a um carro forte no aeroporto de Vitória (ES), em janeiro do ano passado. A invasão na área restrita do aeroporto também não é novidade. Em 2015, um grupo já havia levado uma carga de eletrônicos avaliada em R$ 2,5 milhões, também do terminal de cargas de Viracopos.
Fonte: RSIM