Bactéria poderá ser usada para detectar mercúrio em rios do AM

As chuvas podem levar metais para os rios/Foto: Divulgação
As chuvas podem levar metais para os rios/Foto: Divulgação
As chuvas podem levar metais para os rios/Foto: Divulgação

Uma pesquisa realizada pela equipe de Biologia Sintética da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), desenvolveu uma bactéria para identificar e remediar parte do mercúrio encontrado em rios do Amazonas.
O estudo foi apresentado no final de 2014 durante a Competição Internacional de Biologia Sintética (iGEM) e ganhou ouro na categoria meio ambiente, sendo a primeira do Brasil nessa categoria. A iGEM foi criada em 2003 no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, sigla em inglês) dos EUA.


De acordo com o coordenador do projeto, Carlos Gustavo Nunes, os testes já realizados com a bactéria demonstraram que ela consegue identificar quantidades mínimas de mercúrio na água, abaixo de 0.02µg/ml. Ele disse que outro dado expressivo foi o de bioacumulação e biorremediação (processos realizados pela bactéria durante a alimentação por mercúrio), que apresentaram uma diminuição de 60% dos níveis de mercúrio na água.

“Em 2015, iremos dar continuidade aos estudos. A equipe pretende trabalhar na criação de um sistema de tratamento de água, com a utilização de tanques. Na primeira etapa, as bactérias identificam a presença ou não do mercúrio. Logo após, passam pelo processo de bioacumulação do metal, que pode estar presente na água no fundo do tanque. A terceira etapa será a biorremediação   do mercúrio restante. Por último, a bactéria será novamente usada para identificar se ainda há a presença de mercúrio na água. Se houver, a água retornará às etapas dois e três até que esteja livre da contaminação”.

Prêmio

Nunes explicou ainda a importância da conquista do título para os alunos. “Este prêmio estimula ainda mais os alunos a pesquisarem novas soluções de melhoria para a comunidade ribeirinha do Amazonas. Este é o início de uma longa jornada de pesquisa”.

Para Paloma Fernandez,  aluna de biotecnologia da Ufam , esta foi uma conquista do Amazonas. “Apesar de todas as dificuldades que a pesquisa apresentou, conseguimos seguir em frente”.

Contaminação por mercúrio

Segundo levantamento feito pela equipe de pesquisadores, a população de 14 comunidades do interior do estado do Amazonas sofre com o problema de contaminação por mercúrio. Análises feitas em amostras de cabelos de ribeirinhos demonstraram que mais de 85% deles têm nível de mercúrio no sangue acima do tolerado. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece 5 microgramas por cada quilo do seu peso por dia.

Os principais sintomas associados à toxicidade por exposição ao mercúrio incluem tremor, vertigem, entorpecimento, dor de cabeça, cãibra, fraqueza, depressão, distúrbios visuais, dispneia, tosse, inflamações gastrointestinais, queda de cabelo, náusea e vômitos. De acordo com Nunes, as quantidades de metal (mercúrio) encontradas nos cabelos eram suficientes para causarem má formação cerebral em fetos, por exemplo.

Nunes explicou que no passado algumas pesquisas atrelavam o problema relatado com os ribeirinhos ao alto índice de mercúrio no solo do Rio Negro, que é naturalmente rico. Todavia, pesquisas sobre o ciclo deste metal na região amazônica contestam esse argumento. De acordo com essas pesquisas,  a atividade industrial e o garimpo fazem com que a chuva despeje três vezes mais metal no rio hoje do que há 100 anos.

Artigo anteriorEmpresários são obrigados a limpar áreas públicas após eventos
Próximo artigoForça Tática prende 2 com drogas, armas e dinheiro no Monte das Oliveiras

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui