Bolsonaro demite Luiz Henrique Mandetta

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta é demitido por Bolsonaro - foto: Adriano Machado/Reuters

‘Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão’, diz Mandetta


Jair Bolsonaro bateu o martelo e decidiu nomear o oncologista Nelson Teich o novo ministro da Saúde. O presidente acabou de chamar Luiz Henrique Mandetta ao Palácio do Planalto para a conversa derradeira.

O anúncio da demissão foi feita pelo próprio agora ex-ministro da saúde – foto: arquivo

Há pouco, Mandetta usou o Twitter para falar da demissão e agradecer aos auxiliares da Saúde que caminharam com ele.

“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar”, escreveu Mandetta.

Mais cedo, o Radar mostrou que os principais conselheiros de Bolsonaro haviam formado uma espécie de bloco de apoio ao oncologista. (Veja)

Minutos antes da demissão

“Eu to indo embora, viu. Não aguento mais ser tratado desse jeito. Estou falando sério. Quando eu digo que eu vou embora eu vou embora. No momento em que eu atravessar aquela porta, não tem mais volta. Caso você tenha dúvida, ‘ele está indo embora?’, sim. É verdade. Eu minto? Sou uma pessoa que mente? Só evita grunhir. Não fala nada pra eu não achar que é pra voltar. Até chegar lá na porta tem volta. Depois, não tem mais”.

A ameaça hesitante parece fala de ministro da Saúde em tempos de quarentena, mas é só o roteiro de um esquete do Porta dos Fundos, em que Gregório Duvivier faz que vai e não vai embora diante do silêncio da namorada, que já não se importa com a cena.

Enquanto o ministro da Saúde passou a semana falando mais sobre sua iminente saída do que da pandemia, Jair Bolsonaro segue em silêncio, como a personagem de Letícia Lima. A diferença é que o esquete dura menos de três minutos, enquanto a novela Mandetta já dura semanas.

Seria cômico não fosse macabro

Já nem tão reservadamente assim, Mandetta tem se pronunciado, como se preparasse seu substituto para o que vem por aí. E o que vem por aí é o que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou de “Bolsonaro-Vírus” em uma entrevista à Associated Press.
Mandetta usou outras palavras. “O mundo terá que ter grandes cabeças que vão ter que encontrar um equilíbrio. Fazer um novo mapeamento das dependências que nós criamos dos sistemas de saúde. Quem olha o vírus sozinho vai errar porque ele ataca a educação, a economia, a Olimpíada, porque ele se impõe”, disse ele a especialistas pela manhã.

Sobre o ambiente de trabalho, disse haver não apenas má comunicação devido à baixa formação dos envolvidos, mas uma má comunicação política, “onde aquele que não concorda com a opinião é massacrado”.

Depois de sinalizar arrependimento pela entrevista ao Fantástico, ele voltou à carga e, à revista Veja, disse que está há “60 dias tendo de medir palavras”.

“Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né?”

O “camarada”, enquanto isso, já recruta substitutos, provavelmente aplicando um teste de múltipla escolha que amplia a pontuação do candidato a partir de níveis de concordância.

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