Brasileiro cria aparelho de luz que reduz dores com analgésico ‘natural’

Dispositivo para emitir luz criado por Marcelo Sousa/Foto: Divulgação

Imagine se um comando fosse enviado diretamente para uma célula do corpo e ela produzisse substâncias para aliviar a dor. Esse comando existe em forma de luz e um brasileiro criou um aparelho para facilitar a aplicação dessa luz para diversos tipos de célula.


O cearense Marcelo Pires Sousa conseguiu explicar como vários tipos de luz infravermelha atuam sobre diversas células, especialmente os neurônios.

Ele é um dos cientistas dedicados à fotomedicina, uma área recente que vem trazendo até mesmo a cura de inflamações por meio de aplicações de irradiação luminosa. “A fotomedicina existe no Brasil com aparelhos grandes. A diferença é que criamos um aparelho pequeno, na forma de curativo, que cabe na bolsa de um fisioterapeuta”, diz Sousa.

O equipamento está sendo testado em casos como dores nas costas, cicatrização de tecido e novos dispositivos estão sendo desenvolvidos visando ao tratamento de Alzheimer e Parkinson. Em processo de avaliação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o aparelho vem sendo testado pela USP (Universidade de São Paulo) e pela clínica de reabilitação Acreditando, na capital paulista.

Para cada tipo de dor ou cicatrização, há um conjunto de células específicas a serem estimuladas. As pesquisas do brasileiro possibilitaram descobrir o quanto de luz cada célula precisa e agora, juntamente com médicos em Harvard e no Brasil, estão sendo criados protocolos terapêuticos. “É como se fosse uma farmácia de manipulação em que a luz deve ser ajustada para cada pessoa dependendo da prescrição médica. O que hoje tem em pílulas, a gente transformou em luz”, conta.

O equipamento tem o formato de um curativo e pode ser programado para irradiar luz para dor lombar, por exemplo, ou em outros locais do corpo. As sessões geralmente duram 30 minutos, de duas a três vezes por semana no período de três meses.

Como funciona

Sousa cita casos em que pacientes tomam analgésicos por muito tempo e o efeito vai se perdendo, além do problema dos efeitos colaterais. “Com fototerapia não tem esse tipo de efeito. Não é que a fototerapia substitua, mas ela complementa tratamentos para que as pessoas não precisem pelo menos ter que mudar para analgésico mais potente”, diz. Com seu orientador em Harvard, ele já escreveu o protocolo de 30 aplicações clínicas.

O aparelho emite um tipo de luz infravermelha para cada tipo de célula e para cada terapia uma célula diferente é estimulada. “Por exemplo, para dor neuropática (causada por lesão neurônio e não tem origem no músculo), precisa que o neurônio absorva aqueles fótons”, explica.

Dispositivo para emitir luz criado por Marcelo Sousa/Foto: Divulgação

Testes no Brasil

Na Escola de Enfermagem da USP (Universidade de São Paulo), as professoras Adriana Amorim Francisco e Sônia Maria Junqueira Vasconcelos de Oliveira estão testando o aparelho em mulheres que tiveram lesões no períneo ao darem à luz pelo parto normal.

“Existem muitos benefícios nas outras áreas e queremos trazer também esses benefícios para a obstetrícia”, diz Adriana. “Algumas mulheres têm muita dor e limitação para andar, urinar e sentar no pós-parto”.

Sônia aponta que, na odontologia, por exemplo, o tratamento com luz consegue cicatrizar aftas imediatamente. Como o tecido é o mesmo da mucosa vaginal, elas vêm testando com um grupo pequeno de mulheres, o que ainda não permite tirar conclusões sobre o tratamento.

“Atualmente, o tratamento para esses casos são analgésicos ou anti-inflamatórios. Com 30 anos de pesquisa no assunto, vemos que é insuficiente, as mulheres continuam com dor e limitação”. Por isso elas resolveram apostar na luz infravermelha.

Sousa está recrutando médicos para testar protocolos para diversas doenças, de dor nas costas até Parkinson e Alzheimer. Dessa última, os testes estão sendo feitos nos EUA.

“No Alzheimer, por exemplo, temos pesquisas extremamente promissoras em camundongos e estudos de casos em humanos, por exemplo, com autorização do FDA (Food and Drug Administration) para estudar caso a caso pacientes específicos”, conta. Depois disso, o procedimento ainda precisará passar por testes clínicos com maior número de pessoas.

Fonte: UOL

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