Cabral diz que “apego a poder e dinheiro é um vício”

O ex-governador Sérgio Cabral presta depoimento ao juiz Marcelo Bretas — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral presta depoimento, na tarde desta terça-feira (26), na 7ª Vara Criminal Federal, no Centro. A audiência, pedida pela defesa do ex-governador, é sobre os esquemas de corrupção na área da saúde durante sua gestão. Cabral foi preso em novembro de 2016 e sua condenação é de 198 anos e 6 meses de prisão.


No início da audiência, Cabral citou os nomes de ex-colaboradores no governo como o ex-secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, e Régis Fichtner, ex-chefe da Casa Civil do RJ. O ex-secretário de saúde está presente na audiência desta terça.

“Vim aqui para falar a verdade. Conheci Sérgio Côrtes na campanha de 2006 mais proximamente. Quando acabou a eleição eu falei para o Côrtes que tinha um contrato com o Arthur Soares e combinamos uma propina de 3% para mim e 2% para você. Antes nos governos anteriores Arthur disse que a propina era de 20%. Esse foi meu erro de postura, apego a poder, dinheiro… é um vício”, disse o ex-governador.

O ex-governador Sérgio Cabral também afirmou estar arrependido por não ter falado de propinas anteriormente.

Pezão recebeu propina

O ex-governador contou ainda que o então vice-governador Luiz Fernando Pezão (MDB), que acumulou o cargo, inicialmente, com a secretaria de Obras também recebia propinas. Segundo ele, o valor enviado a Pezão chegava a R$ 150 mil mensais.

“Pezão pediu a mim. Do Pezão, eu mandava entregar para ele. Eram cerca de R$ 150 mil por mês”, disse

Pezão chega à sede da PF após prisão — Foto: Mauro Pimentel/AFP

O ex-governador Pezão está preso desde o dia 29 de novembro do ano passado, em operação da Polícia Federal, no Palácio Laranjeiras. A prisão foi baseada em delação de Carlos Miranda, operador financeiro de Cabral, que disse ter feito pagamento de mesada de R$ 150 mil para Pezão, com direito a 13º de propina e bônus de R$ 1 milhão.

Sérgio Cabral e Sérgio Côrtes durante o governo do RJ — Foto: Reprodução/Globo

O que Cabral disse até agora:

Cabral explicou ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, o motivo de ter decidido falar das propinas no seu governo após mais de dois anos na prisão.

“O que minha família tem passado. E o senhor[ juiz] colocou um ponto importante: É uma situação histórica. Em nome da minha mulher[Adriana Ancelmo], da família e do momento histórico resolvi falar. Hoje sou um homem mais aliviado e vou ficar cada vez mais aliviado. Por isso decidi falar a verdade para ficar bem comigo mesmo”, explicou.

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No depoimento, Cabral citou secretários que sabiam dos esquemas de propina dentro do governo e outros que não sabiam da organização para recebimento do dinheiro.

Régis Fichtner, ex-chefe da Casa Civil do governo Sérgio Cabral — Foto: Reprodução/ TV Globo

Os isentos de cobrança de propina são: Renato Villela e Joaquim Levy, que ocuparam a secretaria de Fazenda e Nelson Maculan e Wilson Risolia, que foram secretários de Educação.

Os que tinham conhecimento do esquema criminoso: Régis Fichtner, Wilson Carlos, Carlos Miranda e Hudson Braga. De acordo com o ex-governador, houve esquemas em todas as áreas da saúde estadual: escadas magirus, carros de bombeiros, caminhão da ressonância, tomógrafo móvel.

“Atendemos milhões de pessoas. Poderíamos ter atendido mais”, explicou Sérgio Cabral.

O ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, também foi citado no depoimento. Segundo Cabral, Paes, que foi seu ex-secretário de Esporte e Lazer, não participava do esquema de propinas, mas disse que montou o esquema de Caixa 2 de Eduardo Paes para a prefeitura.

Recebimento de propina

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral admitiu pela primeira vez, em depoimento na semana passada ao Ministério Público Federal (MPF), que recebeu propinas em obras, contratos com fornecedores e negociações envolvendo o governo do estado.

Durante o depoimento, Cabral falou de valores ilícitos supostamente pagos durante a reforma do Maracanã, desapropriação do Porto do Açu, Linha 4 do Metrô, entre outros episódios (veja detalhes).

A pena do ex-governador do RJ em todas as nove condenações chega a 198 anos e 6 meses.

Fonte: G1

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