Cada vez mais, não é ‘todo mundo’ que pode comprar um carro

Foto: Reprodução

Pesquisa com mote bastante interessante: “Carros, custe o que custar?”, no estudo denominado “Automobile Barometer 2023”, feito pelo banco BNP Paribas, mostra que os consumidores estão enfrentando cada vez mais dificuldade para poder comprar um automóvel. Realizado em 18 países, com cerca de 17.000 entrevistas e muitas perguntas pertinentes, a investigação indica que o fim da “democratização” do automóvel, pelo menos na Europa, parece estar em caminho irreversível.


Na pesquisa, três em cada quatro automobilistas disseram que: “não viveriam sem o carro”, mas que a possibilidade de comprar um modelo “zero-km”, ou mesmo a um seminovo em bom estado, parece cada vez mais difícil para a maioria deles. Mesmo na Alemanha e França, os dois países mais ricos do Velho Continente e onde o poder de compra ainda é razoavelmente elevado, 20% dos consumidores acreditam que carro se tornou uma “prerrogativa dos ricos”.

Cidadãos com menos recursos e até mesmo os da classe média, costumam manter o carro usado por bom tempo, ou só podem comprar modelo novo bem popular a gasolina, enquanto isso executivos bem remunerados e as famílias ricas, geralmente já andam em carro elétrico de última geração. Pode parecer caricatural, mas não deixa de ilustrar o que está acontecendo, principalmente na Europa. Na opinião de parte dos europeus o carro está se tornando um produto de luxo, como perfume ou mesmo joia.

Um dos principais motivos para isso, de acordo com a Deutsche Automobil Treuhand (DAT), foram os preços dos carros novos, que na Alemanha aumentaram quase 60% nos últimos dez anos, significativamente bem mais do que o crescimento da renda bruta familiar. Boa parte disso se deve as exigências de desenvolvimento de modelos mais eficientes energeticamente devido a tal da sustentabilidade. Mas isso também contribuiu para aumentar os lucros da maioria dos grandes grupos automobilísticos.

Isto porque todos os fabricantes estão apostando em modelos topo de gama, que geram maiores margens, para amortizar seus investimentos, enquanto isso os consumidores reclamam dos custos para manter um automóvel. Mais de metade dos pesquisados (57 por cento) consideram as despesas com combustível, seguros ou reparações demasiado elevadas. Mas o fator que ainda pesa mais é o custo do combustível (71% de todos os entrevistados, 69% só na Alemanha).

Além disso, sete em cada dez motoristas em todo o mundo disseram que possuir um carro exige, cada vez mais, sacrifícios financeiros. E, cerca de 60% temem não poder mais comprar um carro no futuro (na Alemanha: 61%). Isso pesa ainda mais porque 70 por cento dos motoristas afirmaram que não podem viver sem automóvel. Destes, 58% temem por sua liberdade de movimento, 47% pelo conforto da viagem. Na Alemanha, 65% dos entrevistados disseram que ainda usam o carro para ir ao trabalho.

De acordo com a pesquisa, o problema já tem seus efeitos econômicos, ecológicos e sociais. Cada vez mais forçados a economizar, 60% dos entrevistados (50 por cento dos alemães) estão agora tomando medidas para reduzir seu custo de movimento. A “mobilidade leve” está sendo cada vez mais utilizada. Quatro em cada dez alemães disseram que estão usando transporte público, bicicleta ou scooters elétricos para viagens diárias. Enquanto as pessoas que vivem em áreas rurais são as mais prejudicadas.

A divisão social está se tornando cada vez mais perceptível quando se trata de propriedade de carros. Na maioria dos países pesquisados, o estudo indica que baixa proporção dos entrevistados acreditam que o carro é financeiramente acessível a todos. Apenas na China (44%) e nos Estados Unidos (27%) os pesquisados estão mais otimistas. Na Europa, os consumidores também esperam contramedidas de políticos e indústria tomem, como redução no preço de combustíveis (52%) e desenvolvimento de veículos mais baratos e de custo de manutenção mais econômico (64%).

O resultado do barômetro (Automobile Barometer) mostra que o universo automobilístico está passando por grande mudança. Os clientes não estão mais dispostos a “custe o que custar” para comprar um automóvel, especialmente a qualquer preço. E que também acabou o tempo em que quase todo mundo podia comprar um carro, já que cada vez mais os motoristas precisam fazer concessões para possuir e manter o veículo. Com isso, o carro está se transformando de algo necessário em um mero item de luxo. E, assim, a democratização do automóvel anda em marcha a ré.

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