A cidade eterna congelada

Foro Romano coberto de neve (Foto: Remo Casilli)

Ela foi chamada de “Besta do Leste”, tamanha sua ferocidade. Na última segunda-feira 26, as ruas, calçadas e monumentos da Cidade Eterna amanheceram cobertas de neve como há anos não se via. A última vez que nevou em Roma havia sido em 2012. A prefeita Virginia Raggi precisou fazer um pronunciamento para anunciar a chegada da frente fria e decretar que as escolas seriam fechadas. O fenômeno causou a maior precipitação de neve para o mês de fevereiro em décadas. Foram 10 centímetros em menos de quatro horas. “Ninguém acreditou”, disse Ana Márcia Oliveira, professora aposentada que vive em Roma. Assim como seus amigos, ela havia considerado um exagero os caminhões limpa-neve colocados nas estradas que levam à cidade. Até que viu com os próprios olhos a força da natureza deixar tudo branco. “Foi muito inesperado. Há até um ditado que dizemos muito: morrer um Papa e nevar em Roma é coisa rara”, disse ela.


Se por um lado o episódio climático causou transtornos ao cotidiano romano, por outro o que se viu nas ruas foi uma população aproveitando o espetáculo da neve. Os principais pontos turísticos ganharam novos contornos sob a cobertura branca. O Coliseu, a Fontana di Trevi e as ruínas do Fórum Romano atraíram turistas que não queriam perder a rara oportunidade de ver tudo branco. A alta camada de gelo levou ao isolamento de pontos turísticos, fechados para evitar acidentes. Alguns locais, porém, viraram verdadeiros parques de diversão. “O metrô estava lotado, parecia que as pessoas estavam indo para um grande evento”, disse o padre diocesano brasileiro João Bechara. “Foi muito bonito e interessante, mas ao mesmo tempo um caos.

Foro Romano coberto de neve (Foto: Remo Casilli)

O aeroporto romano de Fiumicino teve de operar com uma só pista durante a noite e o de Ciampino ficou fechado até a limpeza das pistas. A polícia italiana pediu para os moradores permanecerem em suas casas, o que foi atendido pela fisioterapeuta Sandra Ruggieri, que mora em Roma com dois filhos pequenos. “Só na terça-feira, quando a neve derreteu um pouco, pude sair e ir ao mercado”, disse ela. Mesmo assim, seu filho mais novo, Matteo, de 7 anos, aproveitou para fazer um boneco de neve no jardim.

Em toda Europa

Jovens aproveitando o dia sem aula/Foto: Divulgação

O “Urso da Sibéria”, como também foi apelidada a frente fria, atingiu diversas regiões do continente, causando bloqueios de estradas, cancelamento de voos, lotação de abrigos e pelo menos 10 mortes, entre elas uma pessoa na região de Paris e três no sudeste da França, onde foi registrada sensação térmica de -18° C, algo que não ocorria desde 2005. No norte da Itália, as temperaturas caíram para -20° C, enquanto o leste da Inglaterra teve a semana mais fria dos últimos anos. Já em uma região próxima a Veneza, situada a quase 2 mil metros de altitude, foi registrada a temperatura de -40° C. Nevou até na costa do mar Adriático, algo raríssimo. Na Romênia foi encontrado morto um senhor de 65 anos, o que aumentou para 48 o número de falecimentos causados pelo frio desde novembro.

Fonte: ISTOE

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