Conmembol: Neymar está suspenso apenas por um jogo

O complicado Enrique Orsi dá amarelo pra Neymar/Foto: Reuters

O regulamento da Copa América 2015, publicado no site da Conmebol, indica que caso um jogador receba o cartão vermelho por conduta antidesportiva, qualquer outra advertência acumulada no decorrer do mesmo jogo deverá ser mantida.


Ontem, quarta-feira, Neymar foi expulso na derrota para a Colômbia por ato de indisciplina depois de já ter recebido o segundo amarelo, que o suspenderia para o jogo contra a Venezuela, domingo, e agora vê a Conmebol contradizer o próprio regulamento: após confusão e versões pouco claras, a entidade diz que o capitão da seleção brasileira está suspenso, previamente, por apenas uma partida, e não duas. No Chile, mesmo palco do torneio atual, o Brasil viu na Copa do Mundo de 1962 Garrincha jogar uma final depois de ser expulso na semifinal.

A questão é que o regulamento só indica. Não é, de fato, totalmente claro. O parágrafo 3 do artigo 29 do documento diz: “Se um jogador comete conduta antidesportiva grave (conforme a Regra 12 das Regras do Jogo) e é expulso do campo de jogo (cartão vermelho direto), qualquer advertência que recebera previamente durante a mesma partida manterá sua vigência”. Para a própria Conmebol logo após o jogo no estádio Monumental, em Santiago, Neymar estava suspenso previamente por dois jogos – um pelo segundo amarelo, outro pelo vermelho direto. A definição, porém, durou pouco mais de 12 horas.

Está suspenso

Às 13h15 de hoje, quinta-feira a Conmebol emitiu nota em seu site oficial dizendo que Neymar estava suspenso por dois jogos e que já estava definido que ele perderia pelo menos as partidas da seleção brasileira contra a Venezuela, domingo, e um possível embate pelas quartas de final da competição. Minutos depois o texto foi alterado e passou a dizer que o camisa 10 de Dunga estava suspenso por um jogo antes de seu julgamento. Antes disso, no fim da manhã, o presidente do Tribunal Disciplinar da Conmebol, o brasileiro Caio Rocha, já havia afirmado que em sua interpretação do regulamento Neymar só teria de cumprir um jogo e não dois. Após o confuso comunicado da entidade, à tarde, ele falou:

“O regulamento realmente é confuso. Ele fala que a suspensão automática por dois amarelos e por cartão vermelho serão cumpridas na próxima partida. A Copa América é curta, são apenas seis jogos. Acumular as duas suspensões representaria um terço da competição. Isso apenas justifica porque não são as duas partidas como automática, como no Brasileiro, por exemplo. Lá são 38 partidas”, disse o advogado que também preside o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da CBF.

No documento, no entanto, não há um artigo que especifique tal situação, o que permite tal interpretação da Conmebol. “Não há manobra. É um caso inédito, não existia este Tribunal Disciplinar em competições anteriores. Estudamos o caso e o regulamento”, argumentou Caio Rocha.?

Fosse o regulamento mais claro, não haveria a necessidade de estudo. A falta de informações sobre o tema pegou até a própria Conmebol e a seleção brasileira de surpresa. Minutos após o jogo um representante da entidade afirmou que Neymar cumpriria apenas uma partida de suspensão, e depois voltou atrás, antes da nova troca de versões no comunicado pelo site. Ainda imediatamente após o jogo, nem Dunga sabia dizer por quantas partidas não poderia contar com seu craque. Tal falta de clareza faz com que a situação que antes parecia simples agora careça de estudo, o que abre precedente para uma nova interpretação: no caso, a de que Neymar só precisa cumprir um jogo.

A situação no Chile guarda semelhanças com o que aconteceu no país em 1962. O então campeão mundial Brasil jogava a Copa do Mundo desfalcado de Pelé, lesionado na segunda partida do torneio. O astro virou Garrincha, que acabou expulso na semifinal por agredir o chileno Rojas. O juiz peruano Arturo Yamazaki e o bandeirinha uruguaio Esteban Marino, no entanto, não compareceram ao depoimento para relatar a agressão de Garrincha, que mesmo expulso acabou podendo jogar a final, vencida pelo Brasil sobre a Tchecoslováquia. Garrincha foi artilheiro e eleito pela Fifa o melhor jogador daquela Copa, e o episódio da suspensão não cumprida acabou como escândalo.

No caso de Garrincha, segundo citado no acervo do jornal O Globo, a Fifa cedeu após pressões do Brasil e do então primeiro ministro Tancredo Neves, do governo de João Goulart, e “perdoou” o craque. A publicação conta que até o presidente chileno da época, Jorge Alessandri, formalizou pedido à Fifa para que não tirasse “jogador de futebol tão alegre” da final.

A CBF tem até as 12h desta sexta-feira para apresentar a defesa de Neymar pela expulsão. Obviamente, não está descartado que o camisa 10 do Brasil seja condenado e suspenso por mais uma partida além da suspensão automática que cumprirá contra a Venezuela. Segundo a Conmebol, a decisão será definida ainda na sexta-feira.(UOL)

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