De volta para o Futuro – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Caríssimos leitores, não repito artigo, ás vezes falo sobe o mesmo tema, em um espaço temporal diferente, mas revisitando alguns dos meus mais de mil e cem artigos, deparei-me com este escrito em 2005, e que traduz quase que exatamente a situação por que passa o Brasil de hoje, senão vejamos:


“É inegável que a crise social e política que o Brasil atravessa é seguramente a mais grave de toda a sua história. Sobretudo porque ela é uma crise moral, na medida em que os valores republicanos estão sendo vilipendiados. De tal maneira a situação é difícil, que até os intelectuais, quase sempre otimistas, dão sinais de cansaço. Que o momento é de crise ninguém nega e em torno disso há um consenso, mesmo entre os políticos, quer os da situação, quer os da oposição. Agora consenso parece não existir nas principais saídas para esse momento singular que o País vive. Temos uma Constituição que, apesar de suas imperfeições, está conseguindo construir um equilíbrio político que nenhuma outra tinha conseguido. E a República jamais havia vivido período tão longo em funcionamento democrático pacífico.

Se a Constituição não há de ser uma lei eterna, também não haverá de ser um boneco de cera que se amolde ao sabor dos interesses do momento. A crise é moral, é ética e não institucional. Não se vai fazer uma outra Constituição apenas porque algumas dezenas de corruptos se agarraram ao Poder para assaltar e roubar. Medidas estão sendo tomadas até agora e haverão de continuar, até que o último sanguessuga da Nação seja enjaulado.

Para que perder tempo pensando em opções institucionais se as respectivas dinâmicas ficam sempre nas mãos de políticos, que não prestam? Acredito que esse raciocínio equivocado povoa a inteligência de muita gente; da maioria mesmo. Só não consigo entender o motivo pelo qual não se questiona o fato e não ocorrer melhoria com o rodízio de políticos no comando da máquina administrativa, quando se sabe que a maioria deles goza de bom conceito no exercício de outras atividades. Entendo que essa circunstância sozinha já deveria ser suficiente para induzir os questionamentos que vivo a fazer. O universo da vida pública brasileira enfrenta longa entressafra de estadistas, sobretudo na órbita do Legislativo.

Certamente, pelo que se ouve e se lê, inúmeros parlamentares não são sacerdotes do interesse comum, como deveriam ser, mas aproveitadores de oportunidades, espécie de erva daninha no canteiro da vida pública. Portanto, o importante é tirar toda quadrilha de junto do Poder e não mudar a Constituição. A sociedade através do voto pode atuar para dar nova fisionomia ao direito, mudar o direito posto, trocando-o por outro pressuposto. Mas esse não parece ser o problema. A crise que aí está é perfeitamente superável com a Constituição e as leis em vigor. O grande desafio é saber vencer a atual crise de forma serena, sem soluções espetaculares ou estapafúrdias”.

Viram só? Parece atualíssimo o artigo mesmo depois de passados dez anos.

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