Deputado ensina como pedir cargos e verbas a Temer: ‘Faço cara de coitadinho’

Deputado Wladimir Costa dispara rojão de confete no momento de seu discurso - Antônio Barboza/Divulgação do Solidariedade

O “toma lá, dá cá” da velha prática fisiológica de trocar cargos por votos está a todo vapor na tentativa de “salvar a pele” de Michel Temer para que ele permaneça na Presidência. Diante do risco de uma derrota na votação da denúncia por corrupção passiva no plenário da Câmara, o governo não mede esforços para converter dissidentes.


Isso ficou tão escancarado que tem sido comum ver deputados falando abertamente sobre as negociações com o presidente. Recebido por Temer seguidas vezes nas últimas semanas — o encontro mais recente foi na terça-feira —, o deputado Wladimir Costa (SD-PA) explica detalhadamente o funcionamento do sistema fisiológico. Fala, sem rodeios, sobre a “oportunidade” para apresentar demandas ao governo, num momento em que Temer precisa de votos.

Deputado Wladimir Costa dispara rojão de confete  – Antônio Barboza/Divulgação do Solidariedade

— Somente alguns parlamentares hipócritas não vão assumir, mas é óbvio que, após a reunião com o presidente, a gente vem com aquela história: “Mas, presidente, eu gostaria de trazer demandas do estado, do município, do governo do estado”. A gente aproveita o barco e pede. Na realidade, não é o governo que está atrás disso, os parlamentares é que estão procurando, pedindo audiência, aproveitando a oportunidade. O Temer tem que ser assim. Aos amigos, as flores; aos inimigos, coroa de espinhos — sustenta.

Segundo o deputado, não há um “toma lá, dá cá” explícito, já que existiria, em sua avaliação, temor de novas gravações que pudessem comprometer o presidente. Wladimir explica se tratar de algo mais sutil: Temer pede apoio contra a denúncia e, em troca, se mostra aberto a ajudar os parlamentares com seus pleitos.

— Ele não propõe nada, ele pede apoio, mostra cópia da denúncia, diz que é inócua, mas não oferece nada. Vai que alguma pessoa queira gravá-lo novamente numa situação dessas. Ele diz que vai ver o que pode fazer. “O que for possível ajudar no seu estado, vamos fazer”. Ele vê quais são os ministérios, quem pode resolver. O presidente encaminha. Faço cara de coitadinho para ele — explica.

O deputado aproveita a oportunidade para dizer que, se houver espaço, já tem currículos de apadrinhados para apresentar ao presidente:

— Se me der alguns cargos, eu quero. Quero indicar, tenho até os nomes, tenho até currículos no gabinete. Tomara que ele leia essa reportagem e se lembre do “Wlad” que tem ecoado sua voz a nosso favor e me dê umas indicações importantes para o estado.

Fonte: O Globo

 

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