Desembargador manda Valois e Bonates demolir celas VIPs do Compaj

Cozinha abastecida com mantimentos/Foto: Divulgação

Após manifestar surpresa ao descobrir que o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no km 8 da BR-174, mantém celas Vips com estrutura diferenciada, o presidente do Grupo Permanente de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargador Sabino Marques, pediu a desativação do espaço no início da tarde de hoje(31). A oficialização do pedido foi encaminhada ao titular da Vara de Execuções Penais, Luis Carlos Valois Coelho e ao secretário de Administração Penitenciária, Louismar Bonates.
Durante entrevista concedida nas primeiras horas da tarde de de hoje, sexta-feira, o desembargador fez questão de salientar que, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) fez uma inspeção no Compaj e não detectou nenhum tipo de cela diferenciada. “Nada foi detectado, identificado. Na realidade, a visita foi feita por pessoas do próprio CNJ, nós apenas prestamos suporte operacional. Se houvesse alguma estrutura diferente do projeto inicial do presídio, certamente constaria no relatório”, disse.


O desembargador adiantou que fará uma visita ao Compaj na próxima semana para vistoriar as dependências do local. “As questões referentes a saúde, por exemplo, são bem críticas. Claro que existe um ambiente específico para tratar os detentos, mas é meio acanhado para certos tipos de patologia. E esse pedido de desativação em nada interfere na competência da titularidade do juiz da Vara de Execuções Penais ou na do secretário da Seap. O Judiciário entra somente quando é detectado algum tipo de anomalia ou questão que fuja da normalidade. Cabe ao grupo fiscalizar e monitorar o sistema carcerário local”, declarou Sabino Marques.

Sobre a possível construção do espaço para visitas íntimas, o magistrado afirmou que tal direito é assegurado, mas é preciso que o “ambiente esteja condizente para efeito de preservar a dignidade humana”. “Durante a minha visita na semana que vem, posso fazer uma avaliação e, de acordo com a realidade do local, manter ou não o ambiente. Mas isso, sem beneficiar um preso somente. Não será preciso fazer a demolição, mas sim, dependendo do momento, a desativação”, lembrando que, atualmente, o Compaj está beirando os 1.500 detentos.

Antes de finalizar, o desembargador reforçou a desativação do espaço. “Mesmo que construído com materiais inapropriados, demolir o ambiente seria um desperdício. Os demais desdobramentos somente na próxima semana”.

ENTENDA O CASO

Na última quarta-feira, dia 29, durante operação do Exército e da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no km 8 da BR-174, foi encontrada uma cela com estrutura diferenciada. Segundo informações da própria SSP, o ambiente conta com porcelanato, freezer com comida, churrasqueira e televisão.
Ainda de acordo com a SSP, participaram da operação 40 homens do Exército e 122 policiais da Força Tática e Tropa de choque. Entre os equipamentos utilizados estiveram detectores de metais na ocupação do complexo de favelas da Maré no Rio de Janeiro, por exemplo.

Artigo anteriorContraprova de exame confirma doping de Fred em jogo da seleção
Próximo artigoMPF recomenda policiamento em comunidades indígenas de Tabatinga

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui