Dilma no Congresso (Por Paulo Figueiredo)

Advogado Paulo Figueiredo (AM)

No Congresso, ao falar na sessão de abertura do ano legislativo, Dilma Rousseff recebeu vaias estrepitosas. Em seguida, em cadeia nacional de televisão, ao convocar a população para o combate ao zika vírus, um sonoro panelaço, nas principais capitais do país.
Nos dois eventos, em que pese a inusitada presença da presidente no parlamento, nenhuma novidade. Dilma é o que é, arrogante como sempre, embora tenha pretendido vestir a capa da humildade. Procurou manter a aparência, mas sem êxito, mostrando-se mais uma vez incapaz de reconhecer os erros cometidos durante o primeiro mandato. Neste ponto, não cede um milímetro sequer, como também na teimosia de que a crise tem origem externa, já vem sendo enfrentada e que logo resolveremos todos os problemas do Brasil, com a retomada do crescimento econômico.


Mantém-se alheia, bem distante da realidade que a cerca, e quando sai de seus palácios em Brasília é para dirigir-se a auditórios lulopetistas, em inaugurações de obras de pequena ou nenhuma expressão. Neles, somente neles, ainda é aplaudida, por uma claque previamente selecionada, mas sem muito entusiasmo. Longe desses círculos restritos, mais apupos, fruto da indignação do povo brasileiro com sua desastrosa administração, como as pesquisas de opinião revelam com evidência indiscutível.

Noticia-se que compareceu ao Congresso aconselhada pelo tzar da economia dos tempos da ditadura, Delfim Netto, atual conselheiro “in pectore” de Lula e Dilma. Quem diria? Quem poderia supor fosse possível reencontrar o velho Delfim mais uma vez no núcleo do governo da República, com a falência do regime militar e a redemocratização do país? Tinha que ser nos governos do PT, de quem se jacta de ter combatido o regime autoritário e de exceção. Mas, no frigir dos ovos, o que a presidente queria não obteve. Não conseguiu mostrar-se nem um pouco humilde, porque tal postura contraria na essência sua real personalidade, turrona e insolente; e não conseguiu a mínima receptividade à sua proposta de recriação da CPMF, rechaçada de pronto e com vigor por grande número de parlamentares, com cartazes e manifestações estridentes de protesto contra mais essa insanidade do governo.

Não custa recordar que, em campanha, a presidente pronunciou-se com energia contra a reintrodução do chamado imposto do cheque e há vídeo gravado que circula nas redes sociais com o compromisso assumido pela então candidata. No entanto, como não se escreve o que dizem os lulopetistas, em Dilma nada mais surpreende, uma vez que desde os momentos inaugurais de sua segunda gestão insiste em fazer exatamente o contrário do que dizia que jamais faria.

Sem o menor constrangimento agora admite que a CPMF é a melhor e única solução para o aumento da receita pública, um disparate, que deixa de considerar a insuportável carga tributária imposta aos brasileiros, com a criação de mais um tributo com repercussão em cascata sobre os preços da economia. No tocante à orgia de gastos do governo, nada além do que o discurso demagógico, com acenos para a reforma da Previdência, que terá efeitos apenas a longo prazo. Nenhuma palavra sobre a reorientação e redução dos custos da administração, com amplas me didas de contenção de despesas públicas e de redução do números de ministérios, que têm servido unicamente de instrumento para acomodação política e fisiológica de interesses da base aliada e outros muito bem identificados.

Nenhuma das questões fundamentais que angustiam a Nação foram tratadas pela presidente com a necessária profundidade. Ficou-se novamente em abordagens e propostas superficiais e imprecisas em relação à tão propalada reforma tributária, passados mais de treze anos de governo petista. As perspectivas futuras são pungentes e desanimadoras, com recessão econômica, descenso na atividade industrial, comercial e de serviço, inflação em alta, desemprego crescente, com milhões de trabalhadores mergulhados na penúria, e descrédito internacional.

No encerramento da sessão solene, coroando o ato, Dilma ouviu de Renan Calheiros, aliado e hoje fiel escudeiro, ainda que circunstancial, o que certamente não precisaria ouvir de um adversário ou inimigo. O notório alagoano, remanescente da República das Alagoas e presidente do Congresso (aonde chegamos?), não usou de meias palavras para dizer que “o ano de 2015 não começou e nem terminou,” diante da evolução da crise econômica e política. Para qualquer entendedor, bom ou mau, um ano que simplesmente não existiu, um ano perdido, jogado fora no lixo da corrupção e da incompet&ecir c;ncia, a mais eloquente expressão do desastre lulopetista na vida da República.

Apesar dos pesares, um excelente carnaval a todos os meus pacientes leitores, no universo fantástico do quimérico reino de Momo. Afinal de contas, ninguém é de ferro.(Paulo Figueiredo – Advogado, Comentarista Político e Escritort – [email protected])

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