Em fevereiro ou março, Carnaval – Por Raimunda Gil Schaeken

Professora Raimunda Gil Schaeken (AM)

Época de festas e divertimentos que abrange os dias de Reis (Epifania) e Quaresma (período de quarenta dias em preparação à festa da Páscoa), particularmente os três dias que precedem a Quarta-feira de Cinzas, em fevereiro ou março. É uma festa móvel, ou seja, não tem data fixa.
Segundo Antenor Nascente, é duvidosa a origem do vocábulo “carnaval”, primitivamente designativo da terça-feira gorda, tempo a partir do qual a Igreja suprime (latim levare) o uso da carne. Petrocchi dá como étimo o baixo latim, carnelevamen (prazeres da carne), modificado depois em carne, vale!, adeus, carne! Era como um convite antes de iniciar o período de penitência, com jejum e abstinência.


Professora Raimunda Gil Schaeken (AM)

Os festejos remontam aos gregos e romanos. Na Grécia, festejava-se Dionísio e, em Roma, Baco e Saturno, com danças barulhentas, máscaras e muita licenciosidade, traços que persistem até o presente momento. Com o Renascimento, teve um novo impulso. Apareceram os bailes de máscaras na Itália e na França, destacando-se as cidades de Roma, Veneza e Nice, onde continuam vivos até hoje.

O carnaval do brasileiro começou com o ENTRUDO, festa popular trazida pelos portugueses, em 1723, no período do Brasil-Colônia e também no Império. Era uma brincadeira de mau gosto e, de início, violenta. Os foliões jogavam uns nos outros, água, ovos, farinha, pós de vários tipos, como a cal.

Durante algum tempo, os bailes carnavalescos foram animados por danças como a polca, as quadrilhas e as valsas.
Em 1840, aconteceu o primeiro baile carnavalesco, no Rio de Janeiro. Uma tradicional loja importou máscaras, bigodes e barbas postiços para auxiliar na confecção das fantasias. O baile foi organizado primeiramente por uma senhora italiana casada com um hoteleiro carioca. Depois, apareceram os primeiros grupos de foliões de rua, com tambores e bumbos, surgindo também os blocos, os cordões e os ranchos.

Em 1846, foi introduzido no Brasil, de acordo com o Dicionário Houaiss, o zé-pereira, ou seja, “um conjunto numeroso de zabumbas”, que percorria as ruas da cidade.

A primeira música especialmente composta para o carnaval estaria também, de certo modo, ligada à tese abolicionista, pois a famosa musicista Chiquinha Gonzaga, autora da marchinha “Ó ABRE ALAS”, de1889, participou das campanhas cívicas ao lado de José do Patrocínio e Lopes Trovão. A referida marcha foi composta para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro, título alusivo ao presente enviado pelo Papa Leão XIII à Princesa Isabel, em regozijo pela promulgação da lei Áurea:

“Ó ABRE ALAS QUE EU QUERO PASSAR
EU SOU DA LIRA NÃO POSSO NEGAR
Ó ABRE ALAS QUE EU QUERO PASSAR.
ROSA DE OURO É QUE VAI GANHAR”

Dos diversos cordões e blocos surgiram as escolas de samba, que persistem até os dias atuais. Em agosto de 1928, foi fundada no Rio de Janeiro a primeira escola de samba intitulada “Deixa Falar”.

O Brasil é o país onde o carnaval é festejado com a maior animação e atrai milhares de turistas estrangeiros todos os anos, fazendo parte do calendário turístico internacional. É no Rio de Janeiro que a alegria atinge o clímax, com os tradicionais desfiles das Escolas de Samba. Hoje, as escolas de samba são sociedades civis registradas, constituídas por grupos de foliões organizados e fantasiados que disputam prêmios entre si. Cantam sambas-enredos com temas em que figuram lendas, mitos, acontecimentos históricos, grandes vultos brasileiros.

Nos anos 60, predominaram as festas nos salões de Manaus. O baile da “Segunda-Feira Gorda”, no Atlético Rio Negro Clube, era nada mais que a manutenção da tradição herdada pelos ingleses que aqui residiram nos finais do século 19 e início do século 20, assim como o baile da chegada da “CAMÉLIA “do Olímpico Clube, no Sábado Gordo.

De 1980 a 1990, a Avenida Djalma Batista abrigou o que foi talvez o apogeu do Carnaval de rua em todos os tempos. A partir de 1995, houve um grande interesse do público carnavalesco pelas inúmeras bandas que existiam e ainda existem. Mas, indubitavelmente, é ainda no Sambódromo que, um grande número de pessoas prestigia o desfile das escolas de samba e blocos, com expressiva torcida.

O desfile obedece a certas regras, dentre as quais a apresentação de abre-alas, comissão de frente, porta-bandeira, mestre sala e sambistas.

Vários ritmos já animaram o Carnaval, mas hoje predominam o samba, as marchas carnavalescas e o frevo. Entre os grandes compositores de músicas carnavalescas do passado, podem ser citados: Chiquinha Gonzaga, Noel Rosa, Pixinguinha, Lamartine Babo, Ari Barroso.

Uma feliz carnaval para todos os foliões.(Raimunda Gil Schaeken é  tefeense, professora aposentada, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas – ASSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas –ALCEAR).

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