Entenda o que é wiphala, questão indígena que acirrou a crise na Bolívia

Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

De um lado, apoiadores de Evo Morales empunham as sete cores da wiphala para protestar contra a queda do ex-presidente. Do outro, os oposicionistas adotam o vermelho-amarelo-verde da bandeira da Bolívia nas manifestações de apoio ao movimento que derrubou 14 anos do governo do antigo líder cocaleiro.


A wiphala se tornou símbolo da divisão da sociedade boliviana desde as denúncias de fraude eleitoral no pleito que daria a Evo um quarto mandato consecutivo. Isso porque imagens da bandeira quadriculada queimada ou retirada de braceletes de policiais viralizaram nas redes.

Foto: Natacha Pisarenko/AP Photo

O que é a Wiphala?

A wiphala é uma bandeira representada com padrões quadriculados com sete cores: amarelo, laranja, vermelho, violeta, azul, verde e branco. Na constituição promulgada por Evo em 2009, o símbolo foi incluído entre os oficiais da Bolívia, ao lado da bandeira nacional e outros ícones.

De acordo com o antropólogo Salvador Schavelzon, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a wiphala representa os povos dos Andes não só da Bolívia, mas também de etnias que vivem até hoje em outros países sul-americanos como Peru, Equador e Argentina.

“É um símbolo do mundo andino em geral, dos quéchuas e dos aimarás, que vivem na região antes ocupada pelo Império Inca”, afirmou.

Foto: Juan Karita/AP Photo

Como a questão indígena acirrou a crise?

Eleito pela primeira vez em 2005, Evo se declara integrante da origem aimará. Além disso, o ex-presidente ganhou notoriedade em Chimoré, no altiplano boliviano, ao representar os cocaleiros – camponeses indígenas que trabalhavam na região produtora de coca.

A constituição promulgada em 2009 e apoiada por Evo incluiu a denominação “Estado Plurinacional” e oficializou a wiphala e a flor de patujú como símbolos oficiais da Bolívia, ao lado da bandeira.

À medida em que Evo perdeu apoio – sobretudo por driblar a constituição para estender o mandato e por se manter ao lado do regime de Nicolás Maduro na Venezuela –, aumentou a rejeição aos símbolos indígenas. Entre eles, a wiphala.

Foto: Moises Castillo/AP Photo

Os conflitos recentes evidenciaram a questão étnica na Bolívia, explica o professor Ramalho, da UnB. Os símbolos cristãos passaram a representar também a oposição a Evo, sobretudo quando as igrejas se aproximaram de uma parcela descontente da população – inclusive indígenas – e se fortaleceram.

“Além do crescimento do neopentecostalismo, o catolicismo voltou à tona na Bolívia. É uma força que cresce na periferia das grandes cidades”, afirma.
Isso ficou evidente, segundo ele, quando Jeanine Áñez tomou posse como presidente interina da Bolívia com uma bíblia em mãos. Além disso, o líder oposicionista Luis Camacho entrou na sede presidencial com o mesmo livro sagrado.

Leia a matéria completa no G1.

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