Espelho de Nós – por Isabela Abes Casaca

Carl Gustav Jung (Kesswil, 26 de julho de 1875 — Küsnacht, 6 de junho de 1961) foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica.
Carl Gustav Jung (Kesswil, 26 de julho de 1875 — Küsnacht, 6 de junho de 1961) foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica.

Como já é de conhecimento da maioria das pessoas, recentemente o jogador brasileiro Daniel Alvez foi alvo de racismo durante uma partida do Barcelona, alguém na arquibancada jogou uma banana em campo quando o atleta preparava-se para cobrar um escanteio, Daniel muito espirituosamente descascou a fruta e comeu-a.


Sem demora o jogador Neymar, orientado e assessorado pela empresa responsável por sua imagem, aproveitou o ensejo iniciando uma campanha cujo lema foi a hastag #somostodosmacacos juntamente com uma foto comendo banana. As opiniões divergiram, não se chegou a um consenso se o declarado na hastag seria a melhor maneira de encabeçar um refuto ao racismo/preconceito.

Independente da controversa, fica uma reflexão, um exame que vai além de apenas tirar fotos, tagear ou reproduzir automaticamente uma atitude…

Pensando de maneira “quase-puramente-científica”, somos todos frutos de um ancestral comum, seja por descendermos da Eva mitocondrial, cujo o mtDNA está presente em todos nós, do Adão cromossomial-Y, cuja herança cromossômica está igualmente em todos nós. Ou, indo mais longe ainda, por sermos descendentes daquele pequeno mamífero que sobreviveu aos gigantescos dinossauros.

Com a noção supracitada fica evidente que consistimos em ramificações de uma mesma árvore genealógica, aquela antiga máxima filosófica que somos todos irmãos ganha mais força, contudo… Será que nós estamos realmente nos comportando desta forma?

Será que esse pensamento está refletindo verdadeiramente em nossos sentimentos e ações? Será que esta irmandade está permeando nossa relação com os outros?

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As perguntas suscitadas vão muito além do racismo, elas nos fazem lembrar da relação existente entre “eu” e o “outro”, que infelizmente na maioria dos casos ainda não é muito amistosa. É claro que se trata de um grande desafio sentir por toda uma humanidade o sentimento de irmandade, porém comecemos pequeno, basta sentirmos isto por aqueles mais próximos, mesmo aqueles que nós não temos tanta afinidade.

Algo que nos auxilia a rumar nesta direção é a percepção de que o outro é nosso espelho, conforme Carl Gustav Jung propõe no livro Memórias, Sonhos e Reflexões: “Percebemos nos outros as outras mil faces de nós mesmos”. Não digo que 100% das vezes, porém em sua grande maioria, o ego se visualiza no alter, enxergando pontos agradáveis e também os não tão agradáveis.

Perante esta constatação, a convivência é facilitada, pois o “eu” começa a olhar para o “outro” com menos animosidade e mais amistosidade, percebendo imperfeição e também virtude, hostilizações de quaisquer vias perdem espaço, possibilitando o desenvolvimento da fraternidade.

Reafirmo, é um desafio desenvolver este sentimento de irmandade dentro e dentre nós, contudo é preciso, comecemos pequeno, com aqueles mais próximos, a fim de um dia alcançarmos na Fraternidade Humana.

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